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São Luís, Maranhão, Brazil
Homem simples e comum: procuro ser gentil com as pessoas, amigo dos meus amigos e bondoso com a minha família. Sou apaixonado por filmes, internet, livros, futebol e música. Estou tentando sempre equilibrar corpo e mente, manter-me informado das notícias a nível mundial, ministrar aulas de geografia em paralelo às pesquisas acadêmicas que desenvolvo e, no meio de tudo isso, tento achar tempo para o lazer e o namoro. Profissionalmente,sou geógrafo e professor de Geografia no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal do Maranhão (IFMA ­ Campus Avançado Porto Franco) e Doutorando em Geografia Humana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Membro do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA) e do Núcleo de Estudos do Pensamento Socialista Pesquisa do Sindicalismo (NEPS), ambos da UFMA. Participo da Rede Justiça nos Trilhos.

domingo, 20 de novembro de 2011

Sobre Marx, protestantismo e maconha

O pensamento do filósofo Karl Marx (1818-1883) é por demais conhecido acerca dos seus escritos sobre economia, sociedade e política. Todavia, o fenômeno religioso também aparece em seus escritos que, infelizmente, ficaram reduzidos à célebre frase: “a religião é o ópio do povo”.
Essa frase está presente no livro “Crítica da Filosofia do Direito de Hegel”, obra do ano de 1843, na qual Marx tece críticas ferozes e contundentes ao “endeusamento” do Estado por parte de Hegel, haja vista este último, subordina àquele a Sociedade Civil e a Família na obra “Princípios da Filosofia do Direito”.
Se entendida de maneira deslocada a frase perde o sentido. Todavia tal frase deve ser compreendida no seu contexto de um Marx crítico da religião como mecanismo de coerção social e alienador da natureza humana. Como Marx e Engels dizem n’A Ideologia Alemã: “Os homens até hoje, sempre tiveram falsas noções sobre si mesmos, sobre o que são ou deveriam ser. Suas relações foram organizadas a partir de representações que faziam de Deus, do homem normal, etc. os criadores se prostraram diante de suas próprias criações. Libertemo-los, portanto, das ficções do cérebro, das ideias, dos dogmas, das entidades imaginárias, sob o domínio dos quais definham”.
Claro está que o os filósofos alemães compreendem a religião como um mecanismo ideológico, no sentido de falsa consciência que se manifesta num interesse de classe. Além disso, Marx estava atento ao papel do capitalismo e da relação com o protestantismo como bem fica claro nos Grundrisse: “O culto do dinheiro tem seu ascetismo, seu auto-abnegação, seu auto-sacrifício – a economia e a frugalidade, desprezo pelo mundano, prazeres temporários, efêmeros e fugazes; o correr atrás do eterno tesouro. Daqui a conexão entre o Puritanismo inglês ou o Protestantismo holandês e o fazer dinheiro”. Diga-se de passagem, os Grundrisse foram escritos em 1858 mais de 40 anos antes do quando “Todo-Poderoso Max Weber” (se é que você me entende...) escreve seu famigerado “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo”, um livro fantástico, por sinal.
Enfim, este pequeno texto foi escrito apenas com o intuito de rebater críticas totalmente infundadas sobre Marx e as falsas acusações de “maconheiro” (como se isso fosse um demérito ou o usuário apenas vivesse disso). Segundo de mostrar que o “velho barbudo” tinha um amplo conhecimento sobre a religião como forma de falsa consciência de si e para si. Creio que as tentativas de menosprezar aquele que foi considerado o maior filósofo de todos os tempos repousam sobre os “críticos”, que na verdade são muito mais fraseologistas, que desconhecem em quase sua totalidade a obra de Marx e, por isso, tendem a menosprezar a obra deste filósofo em relação, por exemplo, a Max Weber. Portanto, honrando as palavras de Marx, espero que a crítica corrosiva dos [ratos] religiosos, especialmente os protestantes, que confundem filosofia e futebol possam ter compreendido, pelo menos um pouco, que Marx estava totalmente ciente das implicações políticas do fenômeno religioso.