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São Luís, Maranhão, Brazil
Homem simples e comum: procuro ser gentil com as pessoas, amigo dos meus amigos e bondoso com a minha família. Sou apaixonado por filmes, internet, livros, futebol e música. Estou tentando sempre equilibrar corpo e mente, manter-me informado das notícias a nível mundial, ministrar aulas de geografia em paralelo às pesquisas acadêmicas que desenvolvo e, no meio de tudo isso, tento achar tempo para o lazer e o namoro. Profissionalmente,sou geógrafo e professor de Geografia no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal do Maranhão (IFMA ­ Campus Avançado Porto Franco) e Doutorando em Geografia Humana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Membro do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA) e do Núcleo de Estudos do Pensamento Socialista Pesquisa do Sindicalismo (NEPS), ambos da UFMA. Participo da Rede Justiça nos Trilhos.

quarta-feira, 30 de março de 2011

GAFE:TWITTER DO GOVERNO DE SP QUESTIONA PORQUE ALENCAR E NÃO SARNEY

Pouco menos de uma hora depois de confirmada a morte do ex-vice-presidente José Alencar, a secretaria de Cultura do Estado de São Paulo cometeu uma gafe no Twitter, amplamente repercutida na rede. Por volta das 15h30, o perfil oficial da secretaria – @CulturaSP – exibia o seguinte comentário: "PQ foi o José Alencar e não o #Sarney?" (texto literal).

O comentário foi rapidamente apagado. Em seu lugar, foi postado um pedido de desculpas: “Mensagem postada indevidamente no nosso perfil não reflete a posição oficial da Secretaria. Lamentamos o ocorrido.”

O caso fez o nome do senador José Sarney figurar entre os assuntos mais populares do Twitter, e recorda outro episódio de gafe institucional que também tinha o presidente do Senado como personagem principal. No mês passado, uma funcionária terceirizada do STF (Supremo Tribunal Federal) questinou quando Sarney iria se aposentar: “Ouvi por aí: 'agora que o Ronaldo se aposentou, quando será que o Sarney vai resolver pendurar as chuteiras?”. A funcionária foi dispensada, e o Supremo emitiu uma nota oficial com pedido de desculpas ao senador.

“Não existe o risco zero”

Para a geógrafa francesa Yvette Veyret, vivemos numa sociedade de riscos, que não são fatalidades de cunho divino, mas podem ser, na maioria dos casos, previstos e evitados. Conscientização da sociedade para essa realidade é fundamental, analisa

Por: Márcia Junges | Tradução Luciana Cavalheiro

A vulnerabilidade social é um componente maior do risco. “Cabe a nós tornarmos a sociedade menos vulnerável, mais consciente dos perigos, mais pronta para se proteger”, pondera a geógrafa francesa Yvette Veyret na entrevista exclusiva que concedeu por e-mail à IHU On-Line. “Devemos ser atores responsáveis na gestão dos riscos”. A pesquisadora pondera que os acontecimentos do Japão em 11-03-2011 fazem parte da dinâmica normal da terra, mas possuem maior impacto quando atingem locais de intenso povoamento, como foi nesse caso. Some-se a isso a cobertura em tempo instantâneo do que acontece. Analisando a questão da sociedade do risco e incerteza, a geógrafa pontua que a incerteza permeia tudo, e que não existe risco zero. Geralmente, alfineta, um mundo de certezas acabadas e sem riscos é fruto da “mídia simplificadora”. Contudo, acrescenta Veyret, “a esperança está bem presente, pois se tem uma possibilidade de se prevenir contra os riscos que não são fatalidades enviadas por Deus ou pelo Diabo. O risco é previsível, ao menos em parte”.

Yvette Veyret é geógrafa, especialista em meio ambiente, considerada uma das maiores autoridades mundiais sobre o tema dos riscos. Leciona na Universidade de Paris X – Nanterre, na França. É presidente do Comitê Nacional Francês de Geografia. De sua produção bibliográfica, destacamos Os Riscos - o Homem Como Agressor e Vítima do Meio Ambiente (São Paulo: Contexto, 2007), por ela organizada. Escreveu Géographie des risques naturels en France (Paris: Hatier, 2004) e Géo environnement (Paris: Sédès, 1999).

Confira a entrevista.

IHU On-Line - Por que os riscos são uma construção social?

Ivette Veyret -
Os riscos têm origens variadas: naturais (terremotos, inundações, vulcanismos...), tecnológicos (riscos afetando as usinas químicas, por exemplo...), econômicas (as grandes crises econômicas...). Mas, nesta noção de risco é preciso distinguir o perigo, que é o processo desencadeador (terremoto, tsunami...) e o risco propriamente dito, que é o perigo percebido, vivido pela sociedades. Sem os homens não há risco. O perigo vem, então, do processo natural em nosso caso; faz parte da dinâmica terrestre. Jean Jacques Rousseau , o filósofo, mostrava bem em 1755, que um terremoto em um deserto não teria efeitos graves uma vez que ninguém o sofreria. Em algumas sociedades, o risco não é percebido como tal, aceita-se em nome de Deus o processo que os atinge. Era o caso na França até o século XIX, onde se fazia procissão quando o Sena transbordava, rezando-se à Santa Genoveva para que ela fizesse-o retornar ao seu leito... mas não se comprendia ainda que era possível agir, proteger-se... Submetia-se. É ainda o caso em alguns países ou grupos sociais.

Há então uma forte dimensão social no risco, que é agravado pela vulnerabilidade das populações e das transformações. Assim, as cidades estão mais vulneráveis que o campo aos perigos, em razão da própria densidade da população. É preciso acrescentar que são seguidamente os mais pobres que são os mais vulneráveis, pois eles são instalados em setores perigosos (inundáveis, próximo de usinas perigosas), onde o preço do terreno é mais baixo, ou porque estas pessoas são instaladas nestes locais sem autorização. Estas populações pobres estão mal-informadas dos perigos, pois elas são pouco ou mal escolarizadas. Elas não têm meios de partir se uma crise chega. É esta a vulnerabilidade e ela é social. É um componente maior do risco.

IHU On-Line - Quais eram os grandes riscos do passado e quais são os atuais?

Ivette Veyret -
Na Europa os grandes riscos e as grandes crises do passado eram as epidemias (principalmente a peste que levou no século XV uma parte considerável da população europeia). Era também os efeitos dos períodos frios ou quentes demais, muito úmidos ou muito secos que tinham consequências na produção agrícola e produziam a fome. Certamente, em 1755 Lisboa foi destruída por um terremoto e um tsunami, mas isso foi muito localizado. E não existia a mídia! Em um mundo sobretudo rural, com populações menos densas que hoje em dia, um acontecimento natural tinha somente os efeitos locais e mesmo reduzidos, mesmo se há textos antigos que mostram as inundações de Paris, por exemplo.

IHU On-Line - Nesse sentido, qual é o nexo que une globalização, risco e medo?

Ivette Veyret -
Hoje um acontecimento de forte intensidade que faz parte necessariamente da dinâmica normal da terra (não é anormal ter tremores de terra, episódios vulcânicos, períodos frios ou muito quentes) ganha outros contornos. Na verdade, tudo isso faz parte da dinâmica terrestre normal. Reitero que o que é novo é a globalização do acontecimento pela mídia, pela internet. Então, vê-se isto ao vivo, mesmo se isso acontece no Japão, o que pode efetivamente conduzir as populações a interrogarem-se sobre os riscos que elas correm no Brasil, na França ou em outros lugares. Mas é preciso ser racional e saber que no Brasil e na França os riscos sísmicos são reduzidos. O perigo de tsunami pode ainda existir, mas provavelmente não da mesma maneira que no Japão.
Os riscos em alguns países são mais precisamente políticos, ou ligados a uma má gestão e à pobreza que implicam nas epidemias, nas doenças ligadas às águas sujas. A natureza não é responsável por tudo. E porque os homens estão instalados perto demais do litoral, em habitats pouco sólidos é que os efeitos destes processos naturais são devastadores. A sociedade, por suas práticas, por sua vulnerabilidade, por sua falta de conhecimento dos acontecimentos naturais ou tecnológicos alimenta o perigo de certos processos e explica até mesmo o número de vítimas.

IHU On-Line - Por que o Japão é considerado, por excelência, o país dos riscos?

Ivette Veyret -
O Japão, em nossa análise francesa, é o país dos riscos por excelência, aquele que concentra todos os perigos naturais violentos: terremotos, tsunamis, vulcões, deslisamentos, inundações, ciclones no sul. É o país também percebido no Ocidente como bem preparado para uma gestão de riscos, embora os acontecimentos recentes nos mostram que esta preparação continua sendo insuficiente. O próprio terremoto de Kobé, em 1995, tinha mostrado a mesma coisa, quando houve 6 mil mortes. Mas, em um outro país pobre, a mesma intensidade do terremoto teria feito milhares de mortos, como no Haiti no ano passado, pois imóveis teriam desmoronado. No Japão há uma boa construção antissísmica. O que não pôde ser suficientemente antecipado foi o tsunami. Ainda há o que fazer neste contexto e, primeiramente, pensar nos lugares de construção das mudanças. É preciso construir na praia? Ou construir mais no interior? É preciso construir em madeira sistematicamente também? Ou de forma mais resistente?

O Japão é o país dos riscos por excelência, aquele em que o conhecimento dos processos perigosos é o melhor, aquele em que as populações estão preparadas para as catástrofes em cadeia. Porém, há catástrofes em cadeia das quais a amplitute não tinha sido suficientemente antecipada pelo país. Ou seja, as centrais já antigas estavam mal situadas em relação ao tsunami. Será que não se tinha na memória um tsunami tão violento?

IHU On-Line - A partir do desastre nuclear no Japão, os outros países devem rever seus programas nucleares e mitigar o risco desse tipo de acidente?

Ivette Veyret -
Certamente é preciso rever a confiabilidade de nossas instalações, isso é certo. Agora, se é preciso parar os programas, isto ultrapassa a análise de um pesquisador e remete a uma escolha nacional e política. A questão dos dejetos nucleares é fundamental, a periculosidade das centrais é uma realidade, e ela é diferente da periculosidade igualmente considerável das usinas químicas, por exemplo.

IHU On-Line - Em que medida o episódio japonês significa não o fim do mundo, mas o fim de um mundo de certezas e axiomas obstinadamente cultivados?

Ivette Veyret -
Vejo aqui um falso debate. Há muito tempo que os cientistas sabem que a dúvida é a primeira qualidade do cientista, que nada é totalmente certo em matéria científica. É geralmente a mídia muito simplificadora que faz pensar que vivemos em um mundo de certezas, no qual o risco zero deve ser a realidade. O simples fato de viver faz saber que se vai morrer, que não há risco zero. A incerteza está em tudo, quanto à data de nossa morte inclusive. A ciência do século XIX pode fazer acreditar para alguns que se poderia vencer algumas crises, ou até mesmo alguns riscos. Há muito tempo que se sabe que isso não é verdade. Viver significa arriscar-se.

IHU On-Line - Em que medida esse episódio japonês sedimenta traumas nesse país já marcado anteriormente pela energia nuclear?

Ivette Veyret -
Os acontecimentos japoneses só podem questionar a população que conheceu as bombas nucleares. Estes acontecimentos conduzirão os políticos a reverem seu programa e sua confiabilidade. É claro que as centrais não haviam sido concebidas para ondas de tsunami que, em alguns locais, atingiram até 20m de altura. Pode-se lamentá-lo quando se sabe o quanto os japonêses conhecem a amplitude dos riscos que o ameaçam. Construíram muros antitsunami. Talvez não fossem suficientemente altos...

IHU On-Line - Ao lado do risco e do medo, convive uma certa atitude de soberba por parte do ser humano, que alguns autores já chamam de pós-humano e autopoiético... Qual é o seu ponto de vista?

Ivette Veyret -
Esta análise não entra na minha abordagem do risco que não tem, talvez, uma visão filosófica. Penso que a sociedade, nossas sociedades, devem continuar evoluindo em direção a uma maior equidade, em direção a um maior bem-estar para todos. Mas, também, em direção a um uso mais controlado da natureza e de seus recursos, sabendo-se que haverá sempre perigos e catástrofes. Cabe a nós tornarmos a sociedade menos vulnerável, mais consciente dos perigos, mais pronta para se proteger.

IHU On-Line - A ilusão de que se domina completamente a técnica dá prerrogativas ao ser humano para que acredite que pode controlar e dominar a natureza?

Ivette Veyret -
A técnica permitiu e permitirá ainda muitas evoluções benéficas para os homens, sua saúde, seu contexto de vida. Para mim o progresso, a ciência e a técnica são fundamentais. É claro, eles podem ser responsáveis pelas disfunções, mas uma sociedade democrática deve permitir uma supervisão permanente, formas de “contrapoderes” para definir bem os riscos e afrontá-los. O ser humano não tem nenhuma razão de imaginar que ele domina tudo. A natureza continua com forças que são mobilizadas sem medida comum com o que o homem pode mobilizar. Esquece-se às vezes disso. É preciso lembrar, todavia, que a natureza (o mar, os vulcões, os ciclones) se caracteriza por forças que nos ultrapassam muito. É preciso, então, reduzir a vulnerabilidade das sociedades e das instalações. Isto significa planejar-se a fim de se instalar mais longe do mar, ser mais vigilantes quanto às escolhas técnicas, tecnológicas, e o que comemos. Mas a ciência e o progresso continuam sendo aspectos fundamentais para a humanidade do futuro.

IHU On-Line - Nesse aspecto, a energia nuclear seria um Frankenstein fora de controle do seu criador?

Ivette Veyret -
Naturalmente a energia nuclear é complexa e apresenta riscos evidentes. Se ela é utilizada, é preciso saber o tamanho dos riscos e conhecer as interações entre os perigos naturais (terremotos, tsunami, vulcão... ciclones) e as centrais nucleares. É preciso projetar o tipo de centrais. Nem todas funcionam da mesma maneira e têm uma sensibilidade diferente em relação aos grandes acontecimentos naturais. Coloca-se também a questão do tratamento dos dejetos nucleares. Evidentemente o nuclear assusta. É preciso suprimi-lo? É fácil quando se pensa nas dificuldades de desmantelar as centrais? É uma escolha política difícil em um país como a França, no qual a questão da energia é central e onde o nuclear produz uma parte importante da energia utilizada.

IHU On-Line - Qual é o lugar da esperança e da oportunidade numa sociedade do risco e do medo?

Ivette Veyret -
Para mim, a esperança está bem presente, pois se tem uma possibilidade de se prevenir contra os riscos que não são fatalidades enviadas por Deus ou pelo Diabo. O risco é previsível, ao menos em parte. É preciso prever de não se instalar em zona inundável. Estes espaços são bem conhecidos na França, em setores submetidos a possíveis tsunamis. É preciso estar-se bem informado sobre o risco corrido para se tomar suas próprias disposições. Devemos ser atores responsáveis na gestão dos riscos, reduzindo o perigo, algo que é de responsabilidade política. O perigo deve ser mostrado às populações, implementando-se políticas de reestruturação do território adaptado, e que devem contribuir para preparar os planos de antecipação em caso de crise maior.

Entre a Vale e o Planalto

Por Luciano Martins Costa em 29/3/2011
Comentário para o programa radiofônico do OI, 29/3/2011
Os jornais têm acompanhando com grande interesse a queda de braço entre autoridades do governo e o presidente da Vale, Roger Agnelli, cuja demissão foi finalmente acertada entre os principais acionistas, governo e Bradesco, e marcada para o dia 19 de abril.
Nas entrelinhas, a queda de Agnelli foi aposta de dez entre dez reportagens sobre o assunto durante as últimas semanas, mas nos artigos e editoriais fica claro que a imprensa tinha opinião formada em favor de Agnelli. No entanto, as razões expostas nos textos opinativos não permitem avançar muito no entendimento do imbroglio.
Os jornais repetem o mantra segundo o qual Agnelli contrariou o governo, ainda no mandato de Lula da Silva, quando demitiu 1300 funcionários e deu férias coletivas a outros 5500 após a eclosão da crise financeira internacional.
Argumento pífioNa ocasião, o presidente da República chegou a divulgar que havia pessoalmente telefonado para o presidente da Vale exigindo explicações. Ele preferia anúncios de mais investimento no Brasil e mais esforço na exportação de produtos de maior valor agregado. Segundo Lula da Silva, Agnelli estava contrariando a estratégia do governo contra a crise, alimentando o pessimismo e provocando insegurança no mercado.
A demissão seria, então, uma vingança de Lula?
Após a posse de Dilma Rousseff na Presidência da República, o tema esfriou, mas as negociações entre o governo e o Bradesco não foram interrompidas. Os jornais ainda mantiveram o assunto em banho-maria, com exceção de alguns colunistas, que afirmavam ser intenção do governo criar a vaga na presidência da empresa para atender compromissos políticos. Mas esse argumento primário não foi comprado pelos editoriais.
Interesses estratégicosFragmentos de declarações permitem deduzir, porém, que a divergência não foi superada com o fim da crise financeira e a retomada de contratações e investimentos por parte da empresa.
A questão que parece ter levado ao desfecho anunciado pelos jornais se refere ao papel que o governo imagina para a Vale. Em dez anos na direção da antiga estatal, Agnelli produziu grandes lucros e levou a empresa a um posicionamento de destaque no setor, mas há quem entenda que ele priorizou resultados de curto prazo e tornou a Vale vulnerável a mudanças no mercado internacional, principalmente à decisão da China de jogar pesado no setor de minérios.
O dilema por trás da questão seria, então, beneficiar o acionista ou dar preferência aos interesses estratégicos do país. Quais seriam esses interesses? O noticiário não esclarece. Mas o mercado, que já lidava com a informação da demissão do superexecutivo desde a semana passada, não deu sinais de abalo.

Quanto vale o cabeça da Vale

Por Rolf Kuntz em 29/3/2011
Quanto vale a cabeça de Roger Agnelli, presidente da Vale, a segunda maior mineradora do mundo, maior exploradora de minério de ferro e maior empresa privada do Brasil? Segundo o Globo, pode valer ao Bradesco a renovação do contrato do Banco Postal, previsto para expirar em dezembro. Em dez anos, de acordo com a reportagem, o uso das agências dos Correios facilitou a abertura de mais de dez milhões de contas.
Essa explicação saiu na edição de domingo (27/3). No dia anterior, a manchete do jornal havia sido forte: "Bradesco cede a governo e aceita tirar Agnelli da Vale". A rendição, segundo o texto, havia ocorrido no dia anterior, à tarde, numa reunião em São Paulo. "O Bradesco cedeu à ‘pressão massacrante’ do Palácio do Planalto", noticiou o jornal, usando uma expressão atribuída a um dirigente do banco.
A vitória do governo nesse braço de ferro havia sido antecipada, na quinta e na sexta-feiras (24 e 25/3), em reportagens do Valor. Na primeira dessa mátérias, o acerto já havia ocorrido numa reunião entre o ministros da Fazenda Guido Mantega e o presidente do conselho de administração do banco, Lázaro Brandão. Segundo o Globo, o acordo só foi acertado na sexta-feira.
Faltava definir o nome do sucessor de Roger Agnelli, mas o novo presidente deveria ser escolhido nos quadros da empresa, Também isso havia sido informado nos dias anteriores em outros jornais. A matéria do Globo destacou-se não só pela confirmação do acordo sobre Agnelli, mas também pela referência à "pressão massacrante". A reportagem não deu outros detalhes, mas avançou em relação às demais coberturas pela menção explícita à pressão.
Pouca diferençaOs jornais vinham mencionando negociações entre o ministro da Fazenda e o representante do Bradesco, sem qualificar o estilo da conversa. Na edição de domingo, o Globo adicionou à história uma avaliação atribuída a um ministro. Ao ceder, teria dito essa fonte, o banco jogou certo porque o deixou o governo como seu devedor e reforçou sua posição de "parceiro preferencial e confiável".
No último fim de semana de março, as matérias mais atraentes sobre a sucessão na Vale foram publicadas pelo Globo. O tentou levantar detalhes sobre as negociações entre o governo e o Bradesco e sobre os interesses do banco em relação ao governo. Dirigentes do Bradesco haviam resistido às investidas anteriores contra Roger Agnelli.
Desde o fim de 2008, na pior fase da crise, quando a empresa demitiu cerca de 1.300 empregados, o Palácio do Planalto vinha pressionando a direção da Vale. As pressões eram explicadas, também, pelo desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ver a empresa aumentar seu investimento em siderurgia.
Em 2009 e 2010 o jogo se tornou mais pesado e o presidente da República passou a trabalhar sem muito disfarce pela substituição de Agnelli. Sem dispor da maioria necessária para forçar a mudança na direção da empresa, o governo teve de tentar um entendimento com o Bradesco, outro grande acionista, mas sem sucesso até o ano passado.
Não estava claro, até há pouco tempo, se a presidente Dilma Rousseff retomaria as tentativas de influir na direção da Vale e na definição de sua política de investimentos. Ela tem procurado mostrar-se distante do assunto e, pelo menos até o último fim de semana, evitou falar a respeito da sucessão na empresa. Mas o primeiro contato do ministro da Fazenda com o banqueiro Lázaro Brandão virou notícia no Estado de S.Paulo e, a partir desse momento, o reinício do jogo tornou-se assunto público.
A manobra inicial do ministro Mantega foi considerada inábil no Palácio do Planalto, segundo se informou logo em seguida, mas ele continuou responsável pela negociação. A sucessão de Agnelli deverá ser decidida oficialmente na segunda quinzena de abril. Até lá, os jornais terão muitos detalhes para levantar. Nesta altura, não faz muita diferença a decisão da presidente Dilma Rousseff de se mostrar distante da questão.
A voz do mercadoO presidente do Banco Central (BC) Alexandre Tombini andou empenhado em desfazer a impressão, alardeada principalmente por economistas do mercado financeiro, de uma mudança no estilo e talvez nos objetivos da política monetária. A nova política, segundo os comentários, daria menor ênfase aos juros e seria mais tolerante à inflação no horizonte de um ano. Em poucos dias ele se encontrou, mais de uma vez, com analistas do setor financeiro, com empresários de outros setores e com a imprensa.
A leitura dos jornais não deixa dúvida: os jornalistas têm uma capacidade extraordinária de repetir as perguntas e de raciocinar segundo os padrões do "mercado". Os mais velhos talvez ainda sem lembrem: num tempo remoto, inflação e política monetária eram discutidas como assuntos de interesse de todo mundo e não só do setor financeiro – ou desse tal "mercado". Além disso, os velhotes ainda não muito estragados pelo tempo devem ter na memória os antigos instrumentos de política. Além da taxa de redesconto, o BC manipulava também o recolhimento compulsório e regulava a liquidez, no curtíssimo prazo, por meio de operações de mercado aberto.
Algumas velhas linhas de ação foram retomadas e agora são conhecidas como "medidas macroprudenciais".

A natureza bipolar da imprensa

Por Washington Araújo em 29/3/2011
Não vem de hoje o debate no Brasil sobre liberdade de expressão e, mais especificamente, liberdade de expressão nos meios impressos. É oportuno recordar que os jornais dos primeiros tempos da burguesia em ascensão assemelhavam-se tão-somente a meros produtos artesanais de transmissão das informações mercantis dos viajantes e comerciantes, e somente no século 18 alcançaram o estatuto de imprensa de opinião em função da exigência do estabelecimento de um Estado constitucional burguês.
A propósito, Jürgen Habermas (1929- ), em seu Mudança Estrutural na Esfera Pública (Editora Tempo Brasileiro, l984) afirmava que a imprensa não podia deixar de se comprometer politicamente com o combate pela liberdade da opinião pública, pela publicidade e pela crítica enquanto princípios, porque a esfera pública não tinha ainda adquirido um estatuto legal e estável. O que a história mostra é uma longa caminhada dos jornais em busca de seu lugar na esfera pública.
Muitos foram os filósofos e pensadores que se debruçaram sobre a questão. Por exemplo, para Immanuel Kant (1724-1804) a liberdade de imprensa era o verdadeiro paladino da liberdade, batendo-se por uma imprensa livre que não existia; e mesmo na França, onde estava instituída essa liberdade, a imprensa inscrevia-se na ordem pedagógica da cidadania, no sentido de levar ao povo as luzes da verdade, como penhor e formação da uma vontade para sempre inibitória do retorno dos velhos fantasmas absolutistas.
Os animadores de notíciasE hoje, o que vemos? Muitas dessas "luzes da verdade" brilhando através de lâmpadas fabricadas pelo interesse corporativo, quando não meramente político-partidário. Não se trata mais de impedir o retorno dos "velhos fantasmas absolutistas" porque muitos desses, na verdade, nunca saíram de cena; ou pior, estiveram sempre muito próximos do fogo ateado pelas paixões políticas, pelas ideologias, pelos muitos "ismos": liberalismo, conservadorismo, socialismo.
É mais que evidente que a instituição da liberdade de expressão, como a dimensão cultural da natureza bipolar da imprensa, exigia o desenvolvimento da dimensão econômica, a liberdade de empresa, vista nos primórdios da atividade jornalística instituída como condição fundamental para o exercício do debate público. E não se pode descartar que a sobrevivência material e financeira aparecia como característica primeira da liberdade de imprensa para que pudesse manifestar, sem qualquer censura, coação ou violência, as opiniões e informações contrárias ao Estado ou ao poder político.
Deixemos as digressões ao largo, ao menos por alguns instantes, e vamos tentar entender isso que nossos principais jornais e revistas (ao menos em número de circulação diária ou semanal) entendem como tal. É, no fundo, um falso debate. Isto porque há Liberdade de Expressão e liberdade de expressão. Enquanto a primeira se grafa em versalete ou em caixa alta, a segunda se contenta em povoar endereços virtuais de quinta categoria, confraterniza animadamente com blogues nem sempre limpinhos e aparece sempre replicada por uma tal Teia da Cidadania que reúne os deserdados pelo capital, pelas ideias, pela fama e renome.
A primeira é aquela defendida com unhas, dentes, tinta, papel, rádio, TV, internet e simpósios pelo patronato da grande imprensa, os que são proprietários de conglomerados midiáticos, os também chamados – nem sempre respeitosamente – mercadores da informação. São poucos, não perfazem duas mãos os nomes dos que detêm quase como os antigos sesmeiros do Brasil colonial o poder de tornar comerciável o que é e o que não é notícia, o que é e o que não é bom para o Brasil, a visão de mundo que desejamos e aquele mundo tóxico, sempre indesejável, que desperdiça seus recursos materiais e humanos para melhorar a paisagem, quase sempre parada, de muita pobreza e miséria.
A segunda é a liberdade prima-pobre, não é tema de editoriais, nem de primeiras páginas de jornais de grande circulação; a esta são sonegadas observações lisonjeiras de jornalistas que em bancadas de telejornais de grande audiência se comportam como animadores de notícias. É a liberdade de imprensa invocada, pretendida, suplicada, requerida nos tribunais pelos sem-jornais, sem-TVs, sem-portais na internet, sem-rádios, sem-apoio financeiro de corporações empresariais.
Direito restritoÉ, repito, um falso debate. Os que empunham as bandeiras de liberdade de imprensa o fazem mais para preservar "conquistas" empresariais que para defender um conceito que se contraponha ao estado de exceção que começa promovendo a censura aos meios noticiosos e ninguém sabe direito como termina. É falso porque não se ampara em intenções honestas, em defesa de princípios lídimos. Não é debate porque o lado da caixa alta – Liberdade de Expressão – detém todos os meios adequados à verbalização e imediata repercussão de seu ideário, pressupostos e conclusões. Ao outro lado, o da caixa baixa – liberdade de expressão – resta apenas o jus esperniandi, o velho direito romano e agora tão abrasileirado direito de espernear.
E mesmo essa manifestação de contrariedade é quase sempre sufocada pela desqualificação dos que se atrevem a espernear: são ex-profissionais ressentidos que um dia ocuparam cargos relevantes no negócio da imprensa, jornalistas de quinta, comediantes travestidos de jornalistas, escrevinhadores saudosistas do stalinismo e por aí vai.
É falso este debate porque os debatedores convidados – e os únicos com direito a voz e sua consequente repercussão – articulam sempre o mesmo discurso e o fazem com maestria, de forma que quando um editorial termina em "a" o outro começa em "e" de maneira a logo termos a sequência correta do conjunto de vogais convocadas.
É curioso – bastante curioso! – que os que pugnam por mais liberdade de expressão são justamente os atores sociais que a esbanjam, que detêm o monopólio de seu uso de forma irrestrita e quase sempre discricionária. Não há dúvida que muitos anônimos anseiam por ampla liberdade de expressão, mas estes terão que se conformar com o estado de coisas – poderão se expressar da forma que quiserem, mas não poderão ser ouvidos na amplitude que se possa considerar abrangente e minimamente justa.
De que adianta ter o direito de livre expressão se não existem meios para potencializá-lo, para alcançar o público-alvo pretendido? Aqueles que já passaram pelo calvário que é requerer a reposição de justiça quando seu nome é jogado ao lodaçal das más reputações, quando sua honra é enxovalhada sem que se lhe ofereça o direito basilar de autodefesa, conseguem perceber quão cruel pode ser o usufruto da liberdade de expressão tão-somente por aqueles que dispõem dos meios de comunicação massivos. E até que parcela majoritária da sociedade brasileira possa ser ouvida, de maneira equânime, ciente de que todos têm o mesmo direito perante a justiça, já que o conceito de justo – bem o sabemos – é anterior ao conceito de bem, não poderemos dizer que no Brasil a liberdade de expressão é um direito de todos e de todas.
Privativo dos meios de comunicaçãoNão menos nociva é a confusão que tem sido semeada de forma bastante articulada: liberdade de expressão e liberdade de imprensa significam o mesmo. Ora, há que se pensar a liberdade de imprensa não mais apenas como um direito individual privado, mas como um direito social coletivo, fundamentado numa concepção igualitária de justiça. Fazendo isso, passamos a colocar estas ideias em seus eixos. Urge que pensemos a imprensa novamente como um espaço de reflexão crítica, consciente e esclarecida, capaz de garantir o direito de participação de cada sujeito no processo político e na prática comunicativa. Em algum dia voltaremos a tratar dessa "confusão premeditada".
A farsa que se monta chega a ser perversa em sua própria natureza: a bandeira da vítima passa ser empunhada com vigor sempre redobrado pelo algoz, de forma que gradativamente o conceito de liberdade de expressão passa a ser privativo dos meios de comunicação e de seus representantes per excellence, i.e., os proprietários dos canais, dos portais, dos parques gráficos, das empresas jornalísticas em geral. E ai daquele que se aventurar a requerer como seu este direito. Entrará na história ou como vândalo das ideias ou como inocente útil manipulado por organizações da sociedade civil como mera massa de manobra – gente incapaz de pensar por si mesma e, mais que isso, incapaz de exercer seu direito à livre expressão.

Região Amazônica não consegue se recuperar da seca do ano passado

Estudo patrocinado pela Nasa alerta para as consequência da mudança climática na região

estadão.com.br


SÃO PAULO - A área verde da Floresta Amazônia diminuiu após a seca recorde registrada no ano passado. A conclusão foi obtida em estudo patrocinado pela Agência Espacial Americana (Nasa). De acordo com a pesquisa, a área perdida corresponde a pouco mais de três vezes o tamanho do estado americano do Texas.
Simulações feitas em computador mostraram que a sensibilidade às secas, como a ocorrida em 2010, poderá levar a uma mudança no clima, com temperaturas mais quentes e alteração nos padrões de chuva na região fazendo com que se desenvolva vegetação típica de cerrado e savana no lugar da floresta tropical. O Painel de Mudança Climática da Nações Unidas alertou para a possibilidade das secas se tornarem mais frequentes na região Amazônica no futuro.
A área afetada pela última grande seca é quatro vezes maior que a registrada na ocasião anterior, em 2005. O nível dos rios da região também foi comprometido com o ocorrido. As águas começaram a baixar em agosto e atingiram o nível mais baixo em outubro de 2010. O Rio Negro foi um dos atingidos pela seca, apresentando o menor nível de águas nos 109 anos de registros disponíveis.
O estudo foi elaborado por uma equipe de cientistas de vários países, que utilizaram imagens de satélites dos últimos 10 anos para verificar o tamanho da área verde da região, usado para verificar a "saúde" da floresta. A pesquisa será publicada na revista científica Geophysical Research Letters.

Fim da pobreza no Brasil é inatingível, diz economista

Para Marcelo Neri, da Fundação Getúlio Vargas, Dilma teria sido mais realista se prometesse reduzir a miséria pela metade até fim de governo

Daniel Bramatti, de O Estado de S. Paulo
Para o economista Marcelo Neri, especialista em políticas públicas de combate à pobreza, a meta de erradicação da miséria é inatingível, mas buscá-la é algo positivo. Segundo ele, a presidente Dilma Rousseff teria sido mais realista se apresentasse como objetivo a redução da miséria pela metade até o fim de seu governo.
A declaração da presidente Dilma de que a erradicação da miséria talvez não se concretiza até 2014 é um sinal de que a meta é ambiciosa demais?
A meta é ambiciosa, sim. Teoricamente, basta existir ainda uma pessoa miserável para perder essa guerra. Seria mais realista se comprometer a reduzir a miséria à metade. Mas também é difícil ser contra a meta da erradicação. Não é possível erradicar a pobreza, mas é viável reduzir muito o peso desse problema. O fim da pobreza é uma espécie de Santo Graal: é inatingível, mas a busca por ele enobrece o espírito da sociedade brasileira.
No final de 2010 o senhor estimou que, se fosse mantido o ritmo de redução da pobreza dos anos anteriores, ainda haveria mais de 10 milhões de miseráveis em 2014. O quanto é preciso acelerar esse ritmo?Nos oito anos do governo Lula a pobreza caiu 50,6%. Desde o lançamento do Plano Real, a queda foi de 67%. Sem nenhum esforço adicional, levando-se em conta apenas os resultados anteriores, seria possível reduzir a taxa de pobreza de 15,3% para 8,6% até 2014. Ainda teríamos 16,1 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza (com renda per capita inferior a R$ 142, segundo os critérios da Fundação Getúlio Vargas). Mas esforços adicionais já têm sido feitos, como o reajuste do Bolsa Família.

Houve reajuste do Bolsa Família, mas o salário mínimo não teve ganho real. O que tem mais impacto?Seguramente o mais importante, como estratégia para combater a miséria, é aumentar o Bolsa Família. O programa atende mais a faixa etária de zero a 15 anos, onde a taxa de pobreza chega a 27,5%, O aumento do salário mínimo beneficia principalmente os mais idosos, faixa em que a pobreza é de 4,4%,
Qual o custo para levar a pobreza a taxas mínimas?Existe um cálculo que estima esse custo em cerca de R$ 22 bilhões por ano, mas, se levarmos em conta as rendas não monetárias dos pobres - o que recebem em doações, o que cultivam em lavouras de subsistência e outros itens não medidos em pesquisas oficiais -, esse custo pode cair para R$ 7 bilhões por ano. É um valor alto, mas não é absurdo.

Roseana negocia empréstimos do BNDES para obras no Maranhão


A governadora Roseana Sarney com diretores do BNDES e secretários estaduais
A governadora Roseana Sarney reuniu-se ontem (28) com diretores do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio de Janeiro. A liberação de financiamentos destinados ao Maranhão para a execução de obras de melhoria urbana (vias de acesso, saneamento), transporte (mobilidade urbana), arranjos produtivos, melhoria da gestão pública, além da solicitação da instalação de um escritório do banco no estado, foram tratados durante encontro que durou cerca de duas horas.
Nesta terça-feira (29), a chefe do Executivo maranhense se reunirá com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, em Brasília.Na reunião com o diretor das áreas de Crédito e Inclusão Social, Élvio Gaspar, e o superintendente da Área Social, Ricardo Ramos, Roseana Sarney detalhou o momento pelo qual passa o estado, com a instalação de grandes empreendimentos, e relatou a necessidade de investimentos estruturantes para atender a essa demanda. Também participaram do encontro os secretários de Estado de Planejamento, Orçamento e Gestão, Fábio Gondim; e Infraestrutura, Max Barros.
“Saímos confiantes que vamos obter os recursos que necessitamos para investir mais no Maranhão. O BNDES sempre foi nosso parceiro e reconhece o estado como uma grande oportunidade de investimento”, declarou a governadora.
O secretário Fábio Gondim destacou entre os pleitos apresentados pela governadora Roseana Sarney ao BNDES, sua preocupação em desenvolver projetos objetivando a melhoria da gestão pública, ou seja, focada em mais eficiência e eficácia na prestação de serviços à sociedade. “A governadora solicitou ao banco que seja ampliada a parceria já existente com o Governo do Estado, visando garantir mais investimentos para o Maranhão”, informou Gondim.
Para o secretário Max Barros, o encontro com o BNDES foi muito produtivo, pois tratou de investimentos importantes para o Maranhão nas áreas de infraestrutura, gestão pública e arranjos produtivos. “A governadora explicitou o esforço que vem empreendendo para garantir mais investimentos para o estado e saiu otimista de que essa parceria com o BNDES será ampliada”, destacou Max Barros, esclarecendo que o detalhamento financeiro dos projetos serão discutidos em um próximo encontro com representantes da instituição.
Agenda - O encontro desta segunda-feira (28) dá prosseguimento à agenda de audiências nacionais cumprida pela governadora do Maranhão e iniciada na terça-feira passada, em Brasília. Na capital federal, Roseana Sarney reuniu-se com 12 ministros de Estado e com a presidenta Dilma Rousseff (PT). A governadora teve audiências com os ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo; da Integração, Fernando Bezerra; do Esporte, Orlando Silva; das Cidades, Mário Negromonte; dos Transportes, Alfredo Nascimento; do Turismo, Pedro Novais; da Agricultura, Afonso Florence; da Educação, Fernando Haddad; da Pesca, Ideli Salvati; das Minas e Energia, Edison Lobão; da Saúde, Alexandre Padilha; e o ministro chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. Nesses encontros, ela garantiu obras e recursos para o Maranhão.
Entre os investimentos assegurados para o Maranhão somente na área de educação, estão pelo menos mais cinco unidades de Institutos Tecnológicos (antigos Cefets) e um curso de Medicina para o Campus da Universidade Federal do Maranhão em Imperatriz. Roseana Sarney retorna nesta terça-feira (29) à Brasília, onde se reunirá com o ministro da Fazenda, Guido Mantega

Ao deixar presidência da Vale, Roger Agnelli perde salário de R$ 16 milhões

 
(Foto: Bloomberg via Getty Image)
Com a saída da presidência da Vale, Roger Agnelli terá uma perda substancial em seus rendimentos. Além de dois aviões Citation, um deles comprado recentemente, e de um helicóptero, o executivo deixará de receber R$ 16 milhões por ano, valor que compreende salários e bônus pagos pela mineradora.
Os outros oito principais executivos que compõem a diretoria da Vale ganham cerca de R$ 78 milhões por ano.
A sucessão de Agnelli será tratada em reunião do Conselho de Administração da companhia nesta quinta-feira

Ferrovia gera conflito entre governo e Vale

O governo federal decidiu endurecer o jogo contra a Vale, acusada de atrasar o desenvolvimento do transporte de carga no país, informa reportagem de Dimmi Amora para a Folha

A empresa tem a concessão (com subsidiárias) de 11,5 mil quilômetros da malha ferroviária do país, que é de 28 mil quilômetros, controlando os trechos que levam aos principais portos do Brasil.
Quase toda a malha do país é controlada por três grupos: Vale, CSN e ALL. Para o governo, os dois primeiros, que têm 55% da malha, usam as linhas para beneficiar seus próprios negócios em mineração e siderurgia: cobram caro pelo frete e criam dificuldades para o uso das linhas.
O presidente da mineradora, Roger Agnelli, fez na semana passada seu primeiro comentário público sobre as especulações a respeito de sua possível saída do cargo por conta de pressões políticas.
Em nota oficial divulgada pela assessoria da empresa, o executivo afirmou que "a decisão sobre a escolha do diretor-presidente da Vale compete exclusivamente aos acionistas controladores da empresa."

Tito Botelho Martins pode assumir comando da Vale

Presidente da subsidiária canadense da mineradora, executivo teria sido indicado pelo Bradesco para substituir Roger Agnelli

Por Época NEGÓCIOS Online

O economista Tito Botelho Martins, presidente da Inco, braço da mineradora Vale no Canadá, poderá assumir a presidência da companhia, a maior empresa privada do país. Segundo matéria do jornal Folha de S. Paulo, o Bradesco teria escolhido indicar o executivo para o comando da empresa, após forte pressão por parte do governo para a substituição do atual CEO, Roger Agnelli. Apesar de não ser acionista da mineradora, o governo influencia nas decisões tomadas na Vale por meio de fundos de pensão e do BNDESPar. A troca de cadeiras deverá ser anunciada até esta sexta-feira (01/04).

Movimento de 1964 foi “reação contra baderna”, afirmam clubes militares

Em nota relativa aos 47 anos do golpe, comandantes dizem que objetivo era evitar regime ditatorial indesejado pela nação


São Paulo – Às vésperas do 47º aniversário do golpe militar brasileiro, os presidentes dos clubes militares (Aeronáutica, Exército e Marinha) divulgaram nota na qual reafirmam que o objetivo daquele movimento foi impedir "a tomada do poder e sua entrega a um regime ditatorial" indesejado pela nação. Regime, a saber, "comunista, atrelado a ideologias antagônicas ao modo de ser do brasileiro".
Os militares contestam a tentativa de se dar outras explicações para a motivação do movimento que, segundo eles, visava a defender a democracia. "Por maiores que sejam alguns esforços para 'criar' uma versão diferente da real, os acontecimentos registrados na memória dos cidadãos de bem e transmitidos aos seus sucessores são indeléveis, até porque são mera repetição de acontecimentos similares registrados em outros países", diz o documento.
Datado de 24 de março, uma semana antes do aniversário do golpe – em 31 de março, segundo os militares, ou 1º de abril – o manifesto é assinado pelos presidentes do Clube Militar, general Renato César Tibau da Costa, do Clube Naval, vice-almirante Ricardo Antônio da Veiga Cabral, e do Clube de Aeronáutica, tenente-brigadeiro-do-ar Carlos de Almeida Batista. Ainda segundo eles, a imprensa "escrita e falada" da época foi implacável no relato dos fatos, "todos inadmissíveis em um país democraticamente organizado".
A crítica se dirige ao governo e mesmo a líderes militares. "À baderna, espraiada por todo o território nacional, associavam-se autoridades governamentais entre as quais Comandantes Militares que procuravam conduzir seus subordinados à indisciplina e ao desrespeito aos mínimos padrões da hierarquia".

No texto, não há referências à Comissão da Verdade defendida pelo atual governo, para analisar o período da ditadura brasileira (1964-1985). No final do ano passado, a Corte Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos (OEA), condenou o Brasil por crimes cometidos pela ditadura na região do Araguaia, nos anos 70.

Governo cria instância para tentar evitar paralisações nas obras do PAC

A paralisação de grandes obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) fez com que o governo convocasse, para uma mesma mesa de negociação no Planalto, sindicalistas e empresários. Em uma reunião que durou mais de três horas, todos reconheceram que é preciso melhorar a situação para evitar rebeliões semelhantes às realizadas nos canteiros de obras das usinas hidrelétricas de Jirau e Santo Antônio, que somam cerca de R$ 11 bilhões em investimentos. Cerca de 80 mil trabalhadores ainda estão de braços cruzados em todo o país em função de relações conflitantes nos locais de trabalho. Por isso, a partir de agora, as obras consideradas importantes terão uma comissão tripartite permanente formada por membros do governo, sindicalistas e empresários. A ideia é que o grupo acompanhe a construção dos empreendimentos e evite futuros conflitos.

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência), interlocutor do Planalto com setores da sociedade civil, avaliou que uma das principais causas dos problemas nos canteiros das hidrelétricas foi o fato de as construtoras terem antecipado a conclusão dos empreendimentos, manobra para obter lucro com a venda de energia. Assim, foi recrutado um número maior de trabalhadores. Ele ressaltou, porém, que o governo tem parcela de responsabilidade ao não oferecer condições para que os municípios recebam obras de grande porte.

Amanhã, haverá uma reunião de trabalho para manter uma mesa permanente entre as três partes. “Para que não ocorra como em Santo Antônio, onde ninguém sabia a quem recorrer, já que os sindicatos não tinham boa representação na base”, disse Gilberto Carvalho. Empresas que oferecerem boas condições aos trabalhadores poderão ganhar do governo selos de reconhecimento público. Caberá à Central Única dos Trabalhadores (CUT) negociar com os representantes da Odebrecht e Camargo Corrêa, responsáveis por Jirau e Santo Antônio, o impasse que paralisou o canteiro de obras.

Perde e ganha

O objetivo do governo é conseguir na construção civil acordo semelhante ao feito pelo governo Lula em 2009 com o setor canavieiro. “Embora ainda esteja em fase de implementação, aquele acordo já fez com que houvesse melhoria nas relações de trabalho”, disse Carvalho.

O ministro classificou o momento como uma relação “perde perde”. “Perdem os trabalhadores, a empresa, o povo brasileiro e o governo. Temos que sair disso e ir para uma relação ganha ganha. Temos de fazer um acordo decente, acima do que a lei exige, para dar mais condições aos trabalhadores. Com isso, a produtividade vai aumentar e haverá paz nos canteiros de obras”, afirmou.

Com o lançamento da segunda fase do PAC, que prevê quase R$ 1 trilhão até 2014, a quantidade de canteiros de obras vai aumentar consideravelmente. Na primeira fase do programa, 14 mil obras estavam listadas. Os sindicalistas lembram que os grandes projetos da Copa do Mundo e das Olimpíadas não podem sofrer paralisações, até por conta do cronograma oficial. Apesar da contenda, Carvalho classificou o problema como “bom”. “O ruim era se estivéssemos sentados à mesa para discutir desemprego”, disse.
 
Por  Leandro Kleber
 
Fonte: Correio Braziliense

Um drama planetário

O crescimento rápido e desordenado das cidades em todo o mundo, em especial nos países em desenvolvimento, faz com que ao lado de magníficas obras arquitetônicas surjam favelas e todo tipo de sub-habitações. Isso exige a retomada do planejamento urbano com foco principalmente no uso eficiente da água. Em 2025, segundo o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, 1,8 bilhão de seres humanos viverão em países ou regiões com grande escassez de água, e dois terços da população mundial vão conviver em condições de carência extrema. Atualmente, há mais de 884 milhões de pessoas sem água potável no mundo, enquanto 2,6 bilhões dos 6 bilhões de habitantes do planeta carecem de um sistema de saneamento adequado, segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).
“A demanda supera a oferta, por isso temos de nos comprometer a construir uma nova relação com ela”, disse Maude Barlow, cofundadora da organização Blue Planet Project, que defende o direito universal de acesso à água. É preciso “conservá-la, recuperar os cursos d’água, evitar a contaminação das fontes, o que deve ser considerado crime, e fazer um uso mais equitativo pelo bem das pessoas do futuro e das outras espécies.” E o problema da gestão urbana dos recursos hídricos tende a se agravar, pois, segundo Anders Berntell, diretor-executivo do Instituto Internacional de Água de Estocolmo, em 2050 haverá mais pessoas nas cidades do que a quantidade de habitantes existentes hoje em todo o mundo.
A Iniciativa de Defesa Wash, com sede em Washington, elogiou um projeto de lei, aprovado no Senado dos Estados Unidos em 16 de março, que coloca este país à frente da resposta à crise de água potável e saneamento. A Lei Água para o Mundo, do senador Paul Simon, compromete os Estados Unidos com o fornecimento de água potável e saneamento de forma sustentável, segura e acessível para 100 milhões de pessoas em seis anos. “A iniciativa bipartidária colocará os Estados Unidos à frente dos esforços para cumprir os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU em matéria de água potável e saneamento”, destaca o comunicado.
A principal causa da atual crise é que “os humanos modernos consideram a água um enorme recurso para nosso prazer, conveniência e beneficio, e não um elemento essencial de um ecossistema vivente que nos dá a vida”, afirma Maude. “Irrigamos zonas desérticas para plantar, contaminamos água com minério, energia nuclear, areia com alcatrão e vazamento, e deixamos que se perca por encanamentos velhos porque não temos dinheiro para investir em infraestrutura pública”, lamenta a ex-assessora da ONU para questões relacionadas à água.
As Nações Unidas reconheceram que o acesso à água e a um sistema de saneamento é um direito humano, isto é, “que os governos têm de criar um plano de ação baseado na obrigação de proteger, respeitar e cumpri-lo”. A ONU deve se concentrar em conservar a água, restaurar os cursos dos rios e os mananciais e utilizar essas ações para promover a paz, ressaltou. “Precisamos declarar a água patrimônio comum, um bem e um serviço público, e devemos apoiar o governo da Bolívia em sua iniciativa de declará-la um recurso a ser protegido como um direito e não permitir sua distribuição com fins lucrativos”, disse. “Precisamos da água. Ela pode nos ensinar a viver em harmonia e de uma maneira melhor para a Terra”, diz a ativista.

Por Thalif Deen

Fonte: http://www.cartacapital.com.br/internacional/um-drama-planetario

Carta Capital: Deputado carioca será processado por homofobia e racismo


Conselho de Direitos Humanos da Câmara se reúne para decidir como irá agir em relação à entrevista concedida por Jair Bolsonaro (PP) ao programa CQC

A Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, reunida nesta terça-feira 29, irá entrar com uma representação contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ). Só resta decidir qual: se uma representação parlamentar na Câmara ou se uma ação judicial. O pepista virou alvo de críticas nas últimas horas após a entrevista à cantora Preta Gil durante o programa CQC, da rede Bandeirantes, na noite da segunda-feira 28, quando ao ser questionado se deixaria o seu filho namorar uma negra, respondeu: “Preta, não vou discutir promiscuidade com quer que seja. Eu não corro esse risco, e meus filhos foram muito bem educados e não viveram em um ambiente como, lamentavelmente, é o teu.”
“Eu acho lamentável. Isso é um abuso da representatividade parlamentar. Ele se utiliza do seu cargo para ofender. Eu fiquei chocado. Independente de filiação partidária, ele é um deputado e tudo tem um limite”, afirma o deputado Jean Wyllys (Psol-RJ), que ao lado dos deputados Manoela D’Avilla (PCdoB-RS) e Brizola Neto (PDT-RJ), decide como a Comissão irá agir. “Ele ataca a comunidade LGBT há muito tempo, mas só agora que ofendeu os negros é que caíram em cima dele.”
“O Bolsonaro feriu o código de ética da Câmara. Ele se utilizou da sua representatividade política para praticar homofobia e racismo”, reitera o deputado Chico Alencar (PSol-RJ), membro do Conselho de Ética da Casa, que também analisará a situação de Bolsonaro.
Em nota oficial, Bolsonaro tentou se defender: “A resposta dada deve-se a errado entendimento da pergunta – percebida, equivocadamente, como questionamento a eventual namoro de meu filho com um gay. Daí a resposta. Todos aqueles que assistam, integralmente, a minha participação no programa, poderão constatar que, em nenhum momento, manifestei qualquer expressão de racismo. Ao responder por que sou contra cotas raciais, afirmei ser contrário a qualquer cota e justifiquei explicando que não viajaria em um avião pilotado por cotista nem gostaria de ser operado por médico cotista, sem me referir a cor.”
“O Bolsonaro, por meio desta nota oficial, quer escapar da acusação de racismo, que como é crime pode ser considerada quebra de decoro e pode causar a sua expulsão da Casa. Ele quer ficar apenas com a acusação de homofobia, que não é crime e é considerada apenas injúria”, analisa Wyllys.
O apresentador do programa, o humorista Marcelo Tas, em entrevista ao Terra Magazine, reforçou a tese: “Ele manifestou dois preconceitos, contra os negros e contra os gays.” A apresentadora Preta Gil, por meio do seu advogado, disse que irá entrar com um processo por danos morais contra o deputado. Já o filho dele, centro de toda a polêmica passou o dia defendendo o pai: “É óbvio que eu namoraria uma negra.”

domingo, 27 de março de 2011

O que o Governo quer da Vale

Nos últimos meses, dois pesos-pesados se movimentaram nas arenas mais poderosas do país. Se os dois pudessem ser resumidos com palavras de ordem, um levantaria a bandeira “pede para sair, Roger”; e o outro estenderia a faixa “tire as mãos da Vale”. Não é preciso entender de minério de ferro para perceber que no primeiro time joga o governo. E do outro lado estão Roger Agnelli e os que consideram a interferência do governo na sucessão da Vale um retrocesso inacreditável – o que, de fato, é.
Agnelli mobilizou aliados e trabalhou intensamente nos bastidores. Só que lutas contra governos costumam ser inglórias – sobretudo na área econômica. Por isso, nos últimos dias deu-se o desfecho previsível de uma fritura que começou há quase dois anos, mas que se tornou uma decisão de governo no final do ano passado, após Dilma Rousseff vencer a eleição.
Desde então, quem conversasse com os ministros e com os comandantes de fundos de pensão ouviria, sob a condição do anonimato, o seguinte mantra: a decisão está tomada, mas só será executada quando o contrato de Agnelli vencer, em maio.
O objetivo era disfarçar o indisfarçável. Ou seja, que o governo resolveu decidir o destino (e os investimentos) da maior empresa privada brasileira – a essa altura, aliás, o adjetivo “privada” ficaria melhor emoldurado com as devidas aspas.
O Bradesco, afinal o sócio privado mais relevante e berço de Roger Agnelli, foi avisado ainda no final do ano passado da intenção do governo. Mais de uma conversa foi realizada na sede do banco.
Ministros e presidentes de fundos de pensão lá estiveram com o trio que manda no banco, segundo reza a lenda: o “Lázaro”, o “Mello e o “Brandão”. Já há algum tempo o Bradesco concordara com o pedido do governo – afinal “pedido” de governos costuma ser ordem. Lázaro de Mello Brandão tinha e tem uma relação forte com Agnelli, que em dez anos de Vale só tem números portentosos para apresentar. Em situação normal de temperatura e pressão, preferiria que Agnelli ficasse onde está. O Agnelli que Brandão queria na Vale, porém, era o que exibisse lucros espetaculares e cultivasse boa relação com o governo. Agnelli, contudo, só conseguia encher a metade do copo.
Como o nome do sucessor não aparecia, Agnelli se movimentava como podia para ficar. Nem sempre da melhor maneira. Botou em risco até sua justa fama de bom administrador e executivo devotado ao lucro e ao mercado. Por exemplo quando topou descascar um abacaxi para o governo e dizer que participaria da bilionária construção da usina de Belo Monte, em substituição ao grupo Bertin, que morreu na praia.
Os últimos dias foram mais dramáticos. Desde segunda-feira, quando O Estado de S. Paulo estampou em sua primeira página uma reunião ocorrida três dias antes entre Guido Mantega e Lázaro de Mello Brandão, a guerra da sucessão ganhou contornos mais nervosos. Agnelli ainda trabalhou ferozmente para manter-se na cadeira.
Mobilizou todo mundo que podia. De petistas graduados a tucanos idem. Procurou Lula em busca de apoio. Foi a FHC que, por exemplo, chegou a dar um telefonema para Brandão no meio da semana. No meio da semana, esteve na sede da Previ. Relatou a Ricardo Flores, presidente do fundo, o processo de fritura. Reclamou muito. Agnelli só jogou a toalha mesmo na manhã de sexta-feira.
Nas mãos do governo, a Vale deverá ser outra Vale. Até por que só faria sentido tomar a Vale para si se for para usá-la de acordo com algumas receitas mito próprias. Para Dilma, “um empresário tem papel no desenvolvimento do país e não pode deixar de investir em algo importante só porque outro negócio é mais lucrativo para ele”.
Há alguns anos, Lula levou Agnelli a loucura ao insistir que a Vale investisse pesado na área siderúrgica. Na quinta-feira passada, no Planalto, durante uma reunião com líderes governistas no Congresso, Dilma disse textualmente, de acordo com um senador que lá estava: “Não dá mais para ficar exportando minério de ferro para a China e importar aço deles”.
Não resta dúvida, portanto, que esses investimentos siderúrgicos serão intensificados. Assim como parece claro que a Vale passará a investir em alguns megaprojetos de interesse do governo – como fazem os grandes fundos de pensão estatais e a Petrobras. Aliás, num exercício de projeção conservador pode-se olhar para a Petrobras da era petista e enxergar o que será a “nova” Vale daqui a alguns anos – uma empresa alinhada com o governo
Por Lauro Jardim

"País de Todos?":Trizidela não recebeu nenhum recurso federal dos R$ 72,5 mi distribuídos

Cidade que ficou com mais de três mil desabrigados, em 2009, não recebeu nenhum recurso federal. Governo do estado dividiu R$ 72,5 mi com pelo menos 34 municípios.

Por KÁSSIA BRITO
Enchentes no Maranhão 2009 Trizidela do Vale


Os recursos financeiros para as vítimas das enchentes têm
chegado ao Maranhão via Ministério da Integração Nacional, e todo ano é o mesmo
castigo. Nos últimos três anos, o estado recebeu da Secretaria Nacional de
Defesa Civil R$ 88,5 milhões destinados a resolver a vida dos afetados pelas
cheias, mas a região do Médio Mearim virou um verdadeiro círculo das enchentes,
onde a esperança da população vitimada já está inundada de promessas.
Ainda que o Maranhão tenha enfrentado, anualmente, episódios
de alagamentos dos estados brasileiros que vivenciam situação parecida, os
municípios maranhenses não são os que mais recebem recursos para o combate à
calamidade pública.
No ranking dos beneficiados, a partir de 2008, Santa
Catarina, Ceará e Pernambuco têm liderado a lista do volume de recursos
utilizados para ações de reconstrução das comunidades vítimas de enchentes.
A diferença entre a necessidade e a realidade atingiu o
município de Trizidela do Vale em
cheio. Em 2009, uma das enchentes mais intensas na região -
que mobilizou ao Maranhão ajuda humanitária da Força Aérea Brasileira (FAB) -,
a cidade, que ficou com mais de três mil desabrigados, não recebeu nenhum
recurso do Ministério da Integração Nacional. O dinheiro foi encaminhado ao
governo do estado, que dividiu R$ 72,5 milhões com pelo menos 34 municípios
maranhenses em situação de emergência.
Naquele ano, o Maranhão recebeu do Ministério, por meio de
termos de compromissos, cerca de R$ 35 milhões para a execução de obras de
infraestrutura, R$ 8,8 milhões para fornecimento de “Bolsa Mensal” para
atendimento de famílias afetadas por desastres, cerca de R$ 26 milhões para
assistência e socorro às pessoas atingidas e mais R$ 25 milhões para ações de
restabelecimento da normalidade do cenário dos desastres.
Ano passado, o Maranhão não chegou a receber nenhum recurso
do governo federal para sanar os problemas que chegaram com as enchentes.
Desabrigados, desalojados e afetados pelas chuvas existiram, mas o Fundo
Especial para Calamidades Públicas (Funcap) não foi acionado.

O mundo vale

ou a Vale no Mundo?

Para governo, saída de Agnelli já está definida

Executivo deve ser substituído por algum membro da diretoria-executiva da mineradora

Por Agência Estado
Daniel Novaes/Editora Globo
O DONO DA CADEIRA
Roger Agnelli, CEO da Vale, comandou a década de ouro da mineradora, mas assiste a uma disputa por seu cargo
A saída de Roger Agnelli da presidência da Vale teria sido fechada na última sexta-feira (25/03) e o governo trabalha com o nome de um dos atuais diretores da empresa para assumir o cargo. "Tudo caminha para uma solução interna. O nome não está 100% certo, mas está bem encaminhado", informou uma fonte do governo.
Os diretores de Marketing, Vendas e Estratégia, José Carlos Martins, e de Operações de Metais Básicos, Tito Botelho, são os mais antigos na empresa. A fonte acredita que a saída de Agnelli também deve provocar uma renovação na diretoria executiva, que pode ser composta por no mínimo seis e no máximo nove membros.
O conselho de administração elege os diretores executivos por um período de dois anos. A União participa do conselho por intermédio da BNDESPar, da qual detém 62% das ações. Também atua por meio do Banco do Brasil, que é o principal acionista da Previ (fundo de pensão dos servidores do BB), que também tem assento no conselho.
Como o acordo de acionistas prevê a necessidade de 75% dos votos para eleger ou destituir o presidente, o governo negociou com o Bradesco, outro importante representante no conselho de administração, para fazer a renovação na diretoria da empresa.
Depois de várias tentativas para se manter no cargo e resistir à pressão da União sobre os demais acionistas, Agnelli jogou a toalha. Para a fonte do governo, o presidente da mineradora tomou um caminho insustentável ao tentar se segurar no cargo: "Ele transformou a renovação na Vale em uma disputa política. É só a troca de um executivo."
A União considera legítima a sua participação na escolha do novo dirigente da mineradora. As críticas sobre a intervenção na empresa irritou integrantes do governo. "O governo tem ações da empresa por meio do BNDESPar. Ele tem direito de dar palpite", defende a fonte.
O governo reconhece a competência de Agnelli, à frente da Vale há dez anos, mas acredita que nesse momento ele quer outro destino para a Vale diferente da opção governista. A presidente Dilma Rousseff quer que a mineradora invista na produção e exportação de aço, que agregará valor à balança comercial. Como os investimentos nos primeiros anos teriam que ser elevados, o lucro da empresa deve cair. Procurada, a assessoria da Vale não se pronunciou. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

Fonte: http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,EMI221428-16355,00-PARA+GOVERNO+SAIDA+DE+AGNELLI+JA+ESTA+DEFINIDA.html

É a Amazônia, estúpido!

Os interesses imperialistas estão sobre o Brasil. Nesse caso, com o envio de seu principal representante ao País, Barack Obama.
Por Atilio Borón
Todos recordam aquela frase com a qual Bill Clinton desarmou George Bush pai na competição presidencial de 1992. Uma expressão parecida poderia ser utilizada no momento atual, quando muitos pensam, no Brasil e no exterior, que Obama está de visita a esse país para vender os F-16 fabricados nos Estados Unidos, neutralizando seu competidor francês e para promover a participação de empresas estadunidenses na grande expansão futura do negócio petroleiro brasileiro.
Também, para assegurar um subministro confiável e previsível à sua insaciável demanda de combustível mediante acordos com um país do âmbito hemisférico e menos conflitivo e instável do que seus provedores tradicionais do Oriente Médio ou da própria América Latina. Além disso, a pasta de negócios que Obama leva inclui a intervenção de empresas de seu país na renovação da infraestrutura de transportes e comunicações do Brasil e nos serviços de vigilância e de segurança requeridos pela Copa do Mundo de Futebol (2014) e dos Jogos Olímpicos (2016).
Os que apontam essas realidades não deixam de assinalar os problemas bilaterais que afetam a relação comercial, sobretudo devido à persistência do protecionismo estadunidense e as travas que isso implica para as exportações brasileiras. A relação, portanto, está longe de ser tão harmoniosa como muitos dizem. Além disso, a crescente gravitação regional e, em parte, internacional do Brasil é vista com preocupação por Washington. Sem o apoio do Brasil e da Argentina, e também de outros países, a iniciativa bolivariana de acabar com a Alca não teria prosperado. Portanto, um Brasil poderoso é um estorvo para os projetos do imperialismo na região.
Dado o anterior, temos que perguntar-nos sobre os objetivos da visita de Obama ao Brasil. Observemos primeiro os dados do contexto: desde o começo do governo de Dilma Rousseff, a Casa Branca desatou uma enérgica ofensiva tendente a fortalecer a relação bilateral. Não haviam passado dez dias de sua instalação no Palácio do Planalto quando recebeu a visita dos senadores republicanos John McCain e John Barrasso; poucas semanas mais tarde seria o Secretário do Tesouro, Timothy Geithner, que bateria à sua porta para reunir-se com a presidente.
O interesse dos visitantes se desatou ante a mudança presidencial e o sinal esperançoso procedente de Brasília, quando a presidente anunciou que estava reconsiderando a compra de 36 aviões de combate da firma francesa Dassault, anunciada por Lula antes do fim de seu mandato. Essa mudança de atitude fez com que os lobbistas das grandes empresas do complexo militar-industrial – isto é, do "governo permanente" dos Estados Unidos, independentemente do ocupante transitório da Casa Branca -  deixaram-se cair sobre Brasília com a esperança de ver-se beneficiados com a adjudicação de um primeiro contrato por 6 bilhões de dólares que, eventualmente, poderia crescer significativamente se o governo brasileiro decidisse, como se espera, ordenar a compra de outros 120 aviões nos próximos anos. Porém, seria um erro acreditar que somente a motivação crematística é a que inspira a viagem de Obama.
Na realidade, o que a ele mais interessa em sua qualidade de administrador do império, é avançar no controle da Amazônia. Requisito principal desse projeto é entorpecer, já que não se pode deter, a crescente coordenação e integração política e econômica em curso na região e que tem sido tão importante para fazer naufragar a Alca, em 2005, e frustrar a conspiração secessionista e golpista na Bolívia (2008) e no Equador (2010).
Também deve tentar semear a discórdia entre os governos mais radicais da região (Cuba, Venezuela, Bolívia e Equador) e os governos "progressistas" –principalmente, o Brasil, a Argentina e o Uruguai-, que pugnam por encontrar um espaço, cada vez mais demarcado e problemático, entre a capitulação aos ditames do império e os ideais emancipatórios, hoje encarnados nos países da Alba, que há 200 anos inspiraram as lutas pela independência de nossos países.
O resto são assuntos secundários. Após esses antecedentes, surpreende a indecisão de Rousseff em relação com o reequipamento de suas forças armadas porque se, finalmente, o Brasil chegasse a fechar o trato, favorecendo a aquisição dos F-16 em vez dos Rafale franceses, seu país veria seriamente menoscabada sua vontade de reafirmar sua efetiva soberania sobre a Amazônia.
Com isso não quero afirmar que o Brasil deve comprar os aviões da Dassault; mas que qualquer outra alternativa é preferível à alternativa do provedor estadunidense. Se tal coisa chegasse a acontecer é porque a chancelaria brasileira teria passado por alto, com irresponsável negligência, o fato de que no tabuleiro geopolítico hemisférico Washington tem dois objetivos estratégicos: o primeiro, mais imediato, é acabar com o governo de Hugo Chávez, apelando para qualquer expediente, seja de caráter legal e institucional ou por qualquer forma de sedição. Esse é o objetivo manifesto e vociferado da Casa Branca.
O fundamental, porém, em longo prazo, é o controle da Amazônia, lugar onde se depositam enormes riquezas que o império, em sua desorbitada carreira para a apropriação excludente dos recursos naturais do planeta, deseja assegurar para si sem ninguém que se intrometa no que sua classe dominante percebe como sua região natural: água, minérios estratégicos, petróleo, gás, biodiversidade e alimentos. Para os mais ousados estrategistas estadunidenses, a bacia amazônica, da mesma forma como a Antártida, é uma área de livre acesso, onde não se reconhecem soberanias nacionais, e, por isso mesmo, aberta aos que contem com "os recursos tecnológicos e logísticos" que permitam sua exploração adequada. Isto é: os Estados Unidos.
Porém, obviamente, nenhum alto funcionário do Departamento de Estado ou do Pentágono, e muito menos o presidente dos Estados Unidos, anda dizendo essas coisas em voz alta. Mas, atuam em função dessa convicção. E, coerente com essa realidade, seria insensato para o Brasil apostar em um equipamento e em uma tecnologia militar que o colocaria em uma situação de subordinação ante quem ostensivamente está disputando a posse efetiva dos imensos recursos da Amazônia. Ou alguém tem dúvidas de que, quando chegue o momento, os Estados Unidos não vacilarão um segundo em apelar à força para defender seus vitais interesses ameaçados pela impossibilidade de ter acesso aos recursos naturais situados nessa região?
Por conseguinte, o que está em jogo é precisamente o controle dessa zona. Obviamente, sobre isso Obama não intercambiará uma palavra com sua anfitriã. Entre outras coisas porque Washington já exerce certo controle de fato sobre a Amazônia a partir de sua enorme superioridade em matéria de comunicação via satélite. Além disso, a extensa cadeia de bases militares com a qual os Estados Unidos têm rodeado essa área ratifica, com os métodos tradicionais do imperialismo, essa inocultável ambição de apropriação territorial.
A preocupação que moveu o ex-presidente Lula da Silva ao acelerar o reequipamento das forças armadas brasileiras foi a inesperada reativação da IV Frota dos Estados Unidos poucas semanas depois que Brasília anunciou o descobrimento de uma enorme jazida de petróleo submarino em frente ao litoral paulista. Nisso, tornou-se evidente, como um pesadelo, que Washington considerava inaceitável um Brasil que, além de contar com um grande território e uma riquíssima dotação de recursos naturais, pudesse também converter-se em uma potência petroleira e, por isso mesmo, em um país capaz de contrabalançar o predomínio estadunidense ao sul do Rio Bravo e, em menor medida, no tabuleiro geopolítico mundial.
O astuto minueto cortesano da diplomacia estadunidense tem ocultado os verdadeiros interesses de um império sedento de matérias primas, de energia e de recursos naturais de todo tipo e sobre o qual a grande bacia amazônica exerce uma irresistível atração. Para dissimular suas intenções, Washington tem utilizado –com êxito, porque a bacia amazônica acabou sendo rodeada por bases estadunidenses- um sutil operativo de distração no qual o Itamaraty caiu como um novato: oferecer seu apoio para conseguir que o Brasil obtenha um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU.
É difícil entender como os experimentados diplomatas brasileiros levaram a sério tão inverossímil oferecimento, que franqueava o ingresso ao Brasil, enquanto o fechava a países como Alemanha, Japão, Itália, Canadá, Índia e Paquistão. Deslumbrados por essa promessa, a chancelaria brasileira e o alto mando militar não perceberam que, enquanto se entretinham em estéreis divagações sobre o assunto, a Casa Branca ia instalando suas bases por onde quis: sete na Colômbia, no quadrante noroeste da Amazônia; duas no Paraguai, no sul; pelo menos uma no Peru, para controlar o acesso oeste à região e uma, em trâmite, com a França de Sarkozy, para instalar tropas e equipamentos militares na Guiana Francesa, aptos para monitorar a região oriental da Amazônia. Mais ao norte, bases em Aruba, Curaçao, Panamá, Honduras, El Salvador, Porto Rico, Guantanamo, para fustigar a Venezuela bolivariana e à revolução cubana.
Pretender reafirmar a soberania brasileira nessa região apelando para equipes, armamentos e tecnologia bélica dos Estados Unidos constitui um maiúsculo erro, pois a dependência tecnológica e militar que isso implicaria deixaria o Brasil atado de pés e mãos aos desígnios da potência imperial. Está claro que os interesses nacionais do Brasil e dos Estados Unidos são coincidentes. Alguns assim acreditam; porém, seria gravíssimo que a presidente Dilma Rousseff incorra em tão enorme e irreparável erro de avaliação. E os custos – econômicos, sociais e políticos - que o Brasil e, com ele, toda a região, deveriam pagar devido a tal desatino seriam exorbitantes.

domingo, 20 de março de 2011

DESNATURALIZANDO: CONTRIBUIÇÃO AOS ESTUDOS SOBRE A INSTITUIÇÃO HISTÓRICO-SOCIAL E GEOGRÁFICA DA GLOBALIZAÇÃO

Trabalho apresentado no I Simpósio Nacional de Geografia Política, Território e Poder, Centro Universitário Curitiba, 01 e 04 de junho de 2009

Arigatô, Japão

Dilma, Alckmin e até empresas como a Vale deveriam ajudar os japoneses

Dias atrás, o governo divulgou sua previsão de safra agrícola. A melhor de todos os tempos, com uma colheita estimada em 154 milhões de toneladas de grãos. O Brasil protagonizou a grande virada do agronegócio global dos últimos 50 anos graças à “Revolução Verde” do Cerrado. Por trás desse sucesso, existe a mão invisível do Japão. O Brasil começou a dominar a tecnologia da agricultura tropical no início da década de 70, quando o governo japonês financiou o Prodecer, o Programa de Desenvolvimento do Cerrado, região que hoje responde pela maior parte do superávit comercial brasileiro.
Bem antes disso, a então Vale do Rio Doce, hoje apenas Vale, começou a se desenvolver quando seu ex-presidente Eliezer Batista firmou acordos de cooperação com grandes siderúrgicas japonesas, como a Nippon Steel. E a mineradora Vale, todos sabem, é hoje a principal empresa exportadora do País. Bem mais recentemente, o governador paulista Geraldo Alckmin, em seu mandato anterior, começou a fazer as obras de aprofundamento da calha e dragagem do rio Tietê, graças a um financiamento do governo japonês a fundo quase perdido – a dragagem foi depois abandonada pelos tucanos, trazendo as enchentes de volta, mas isso é outra história.
Esses três casos são apenas uma pequena amostra do muito que o Japão já fez pelo Brasil, sem considerar a inestimável contribuição da colônia nipônica nos últimos 100 anos. Apesar de tudo isso, o que o Brasil, que bate no peito e se orgulha de ser a sétima maior economia do mundo, oferece ao Japão? Absolutamente nada. Aliás,
o Itamaraty resolveu não ajudar nem mesmo os brasileiros que vivem
por lá, enquanto governos e empresas aéreas de vários países já se mobilizam para retirar seus cidadãos das zonas mais expostas à radiação cancerígena de Fukushima.
Ah, alguns poderão dizer que os japoneses são ricos e não necessitam de nenhuma ajuda internacional.
Podem se virar sozinhos para se reerguer de uma catástrofe que vai custar mais de US$ 200 bilhões. Afinal, têm um PIB duas vezes maior do que o nosso. Mas não é bem assim que a s coisas funcionam. Governos de outros países já enviaram navios e missões humanitárias. Aqui, o que se ouviu foi a frase patética do ministro do Trabalho, Carlos Lupi, dizendo que o Brasil “vai ganhar mais do que perder” com o terremoto japonês.
Lupi não fala japonês. Mas há uma palavra que qualquer pessoa no mundo conhece. Arigatô. Muito obrigado. Era hora de demonstrar gratidão por tudo de bom que o Japão já fez pelo Brasil. Pelo menos, é isso o que se espera de quem pretende ser protagonista global. Ouviu Dilma Rousseff? Ouviu Geraldo Alckmin? Ouviu Roger Agnelli?

Por Leonardo Attuch
Fonte:http://www.istoe.com.br/colunas-e-blogs/colunista/3_LEONARDO+ATTUCH

quinta-feira, 17 de março de 2011

PT-RJ proíbe militantes de protestar contra Barack Obama

SÃO PAULO - O presidente estadual do PT no Rio de Janeiro, Jorge Florêncio, divulgou nota hoje para anunciar que está proibida a manifestação de militantes do partido contra o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que vai discursar na Cinelândia no domingo.
Segundo Florêncio, a vinda de Obama ao país deve ser encarada como importante passo para afirmação dos interesses políticos e comerciais dos dois países, além de uma oportunidade de consolidar a imagem do Rio no exterior.
“Não existe qualquer tipo de deliberação por parte desta instância partidária no que concerne a organização, participação e apoio a qualquer tipo de manifestação hostil a presença do presidente Barack Obama em nosso Estado”, disse.
Com isso, Florêncio rebate o secretário de Moradias Populares do PT do Rio, Indalécio Wanderley Silva, que defendeu manifestações contra a visita de Obama. “Sendo assim, desautorizo a qualquer membro manifestar opinião, em nome do partido, que não reflita o posicionamento oficial”, declarou.
(Fernando Taquari | Valor)

Comissão do Senado aprova fim da reeleição

Governantes passariam a ter mandatos de cinco anos a partir das eleições de 2014

Na mesma reunião, a maioria do colegiado defendeu a manutenção do voto obrigatório
A comissão especial da reforma política no Senado aprovou nesta tarde o fim da reeleição e um mandato de cinco anos para presidente da República, governadores e prefeitos. A nova regra valeria para os eleitos a partir de 2014, ou seja, quem está no cargo atualmente poderia tentar a reeleição ainda uma vez. Neste caso, na hipótese de reeleição da presidente Dilma Rousseff, ela seria favorecida com um mandato de nove anos, já que o segundo teria a duração de cinco anos. A mudança ainda precisa passar pelo plenário do Senado e pela Câmara dos Deputados.

O presidente da comissão, Francisco Dornelles (PP-RJ), e o senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) foram os únicos a defender o modelo atual, em que os governantes se elegem para exercer um mandato de quatro anos, com direito à reeleição. O ex-governador de Santa Catarina Luiz Henrique (PMDB) defendeu o fim da reeleição ou, mantido o instituto, que o governante seja obrigado a se desincompatibilizar do cargo para disputar novo mandato.

O senador Aécio Neves (PSDB-MG) e o líder do PT, Humberto Costa (PE), defenderam o fim da reeleição, com mandato de cinco anos, embora seus partidos tenham sido os únicos a se beneficiar com esse modelo. "O PT sempre foi contra a reeleição, mas não poderíamos ignorar as regras do jogo", justificou o petista.

Uma das principais vozes pelo fim da reeleição, o senador Itamar Franco (PPS-MG) afirmou que existe uma linha invisível entre o governante e o candidato que nem o Tribunal Superior Eleitoral consegue distinguir. "Uma hora ele é governador, outra hora é candidato. Quando tira o paletó, ele é candidato, mas a caneta vai com ele", argumentou.

Na mesma reunião, a maioria do colegiado defendeu a manutenção do voto obrigatório. Aécio admitiu que o voto facultativo seria "mais palatável à opinião pública", mas chamou a atenção para o risco de se ter "governantes eleitos por uma minoria pouco expressiva". Segundo ele, num momento de maior confronto e crise política, isso poderia gerar instabilidade social. "Temo que surjam setores desestimulados, gerando uma dispersão muito grande dos votos e uma distorção do resultado eleitoral", concluiu.

Além disso, a maioria da comissão avaliou que o modelo atual consiste numa "obrigatoriedade flexível", já que a lei eleitoral prevê sanções brandas ao eleitor que faltar ao pleito, como multas estimadas em R$ 3,50. Na próxima reunião, os senadores vão analisar as propostas de implantação do voto distrital e do voto majoritário para deputados federais, estaduais e vereadores.

Direto da Folha: Bovespa tem ganho modesto, com forte alta em ações da Vale

A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) teve uma recuperação moderada na jornada desta quinta-feira, puxada principalmente pelos papéis da mineradora Vale, que chegaram a responder por 30% do volume financeiro total em alguns momentos do pregão.
Nos demais mercados, o dia também foi positivo, principalmente porque alguns investidores, de "cabeça fria" após a onda de pânico de ontem, voltaram às compras com notícias um pouco mais tranquilizadoras sobre a crise nuclear japonesa.
Os indicadores desfavoráveis da economia americana não foram bem recebidos, mas a captação bilionária da Espanha aliviou um pouco os temores sobre a crise europeia.
"A Bolsa brasileira não fechou muito bem hoje, tendo uma alta muito modesta. Nós achamos que vem mais volatilidade nos próximos dias. No balanço de riscos, nós vemos inúmeras variáveis que são muito difíceis de prever, mesmo colocando à parte esses problemas das usinas no Japão. O país é a terceira maior economia mundial e ninguém sabe muito bem como essa crise vai influenciar os preços das commodities, por exemplo", comenta Adriano Moreno, estrategista-chefe da Futura Investimentos.
Nessa gestora, a recomendação para os clientes (com visão de longo prazo) é mirar ações de empresas mais ligadas ao consumo doméstico, e um pouco menos em papéis das companhias baseadas em matérias-primas, devido às incertezas do cenário externo.
O índice Ibovespa, que reflete os preços das ações mais negociadas, valorizou 0,32% no fechamento, aos 66.215 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,8 bilhões. Nos EUA, o índice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, subiu 1,39%.
MINÉRIO DE FERRO
A alta de hoje foi bastante dependente dos papéis da Vale, que subiram 2,72% no caso das preferenciais, e 2,83% no caso das ordinárias. Ontem, as ações desse companhia haviam recuado para seus menores preços desde setembro do ano passado. Hoje, a empresa afirmou que as vendas de minério de ferro ainda não foram afetadas pela crise japonesa.
Também nesta quinta, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, avaliou que o preço da commodity metálica pode até subir com a crise no país asiático. "Vai ser necessário reconstrução de uma grande área do Japão. Essa reconstrução exigirá, sobretudo, minério de ferro para fazer as obras. Imagino que o preço possa se elevar um pouco", disse ele, em Brasília.
O dólar comercial foi cotado por R$ 1,686, em alta de 0,71%, após oscilar entre R$ 1,668 e R$ 1,693 ao longo do expediente. Trata-se da maior cotação desde janeiro. Operadores relataram fortes rumores sobre um novo pacote de medidas do governo para conter a desvalorização cambial.
"Até esclarecer o dito pelo não dito, o dólar subiu com mais força. Mas nós já vimos algum recuo [das taxas] perto do fechamento, e é possível que volte a cair um pouco amanhã", disse Luiz Fernando Moreira, da mesa de operações da corretora Dascam.
EUA E ESPANHA
Entre as principais notícias do dia, o Departamento de Trabalho dos EUA reportou uma inflação de 0,5% em fevereiro, ante 0,4% em janeiro, pela leitura do CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês). Analistas de Wall Street previam uma alta de 0,4% para o período.
O mesmo órgão revelou uma redução na demanda pelo auxílio-desemprego. Até a semana passada, o órgão registrou 385 mil solicitações iniciais desse benefício, em uma queda de 16 mil registros na comparação com a cifra anterior, ficando em linha com as expectativas do mercado.
Ainda nos EUA, o Federal Reserve (o banco central americano) calculou um declínio de 0,1% da produção industrial em fevereiro, após um incremento de 0,3% em janeiro e de 1,3% em dezembro. Economistas do setor financeiro projetavam um aumento de 0,6%.
E a Espanha conseguiu captar mais de 4 bilhões de euros, por meio da emissão de títulos públicos com prazo entre dez e 30 anos. Analistas chamaram a atenção para o fato dos agentes financeiros terem tomado esse papéis a juros menores na comparação com uma emissão anterior do mesmo tipo.

por EPAMINONDAS NETO