Em quê consiste o modo teológico-conservador de pensar? A
cabeça teológica-conservadora opera a partir de um a priori metafísico, que não
tem qualquer correspondência na realidade
objetiva, sob a premissa fundamental da teologia de que o deus desses caras
“age na história”... Talvez tenha agido verdadeiramente na Santa Inquisição, massacre
de huguenotes, protestantes, pagãos, heréticos de toda sorte, Primeira e
Segunda Guerras Mundiais, Vietnam, Iraque, Irã, etc. Além do mais, sob a
máscara de Cavaleiros e Condes “de Jesus” se encontram os
fascistas e antissemitas. Só me pergunto onde na Bíblia Jesus ensina o uso da
força para fazer difundir sua palavra...
Para teologia conservadora, nada
disso interessa. A inquisição é santa. Voltaire, Rousseau e Marx se resumem em
“Inimigos da Igreja”, como se a “missão” desses pensadores fosse única e
exclusivamente se digladiar com esta instituição (que nada tem de divina, mas
sim mundana). Obviamente, para quem abraça o conservadorismo da Igreja Católica
Apostólica Romana, só resta reduzir os outros pensadores que não seguem
Aristóteles e Tomás de Aquino (óbvio!) sob a alcunha de “inimigos da Igreja”.
Nesse sentido, Lukács, Lênin, Gramsci, ou qualquer outro comunista são
“combatidos” por Leão XIII, Raymond Aron ou ainda Tocqueville. O mais absurdo é
ver como em nome de uma metafísica
existencialista, que torna a vida destes pobres conservadores suportável, e
de um a priori insustentável, o idealismo do conservadorismo continua a
vingar nas mentes desses carentes deformados e sem conteúdo. Nem o mais ingênuo
idealista acredita que pode fazer suas filosofias e teologias sem antes comer,
beber. Toda vez que fazem isso atestam a vitória
do princípio do materialismo.
Para os cavaleiros e condes da
teologia conservadora me parece que não há espaço para aquilo que os mestres
alemães escreveram na Ideologia Alemã:
“Não é a consciência que determina a vida, mas a vida é que
determina a consciência”.
Cabe perguntar se aos
intelectuais da direita monárquica-conservadora se antes deles realizarem suas especulações metafísicas eles não
tiveram que se alimentar, beber água, coisas simples que decorrem do primado
ontológico do trabalho, tal como ensinou o mestre húngaro György Lukács.
Eles se “esquecem” também que sob
a estrutura
filosófica-jurídica-teológica está assentada a base econômica que encontra sua razão fundante no trabalho, que é a
condição ineliminável do intercâmbio
orgânico entre homem e natureza. Assim, para um materialista, o entendimento da sociedade antiga deve ter como
princípio e razão fundante o entendimento do trabalho realizado naquelas
sociedades, como em Grécia e Roma sob a forma
escravocrata, que revela o conteúdo
social desse complexo.
Sob o auspício de um discurso tomistizado de Aristóteles (que toda vez
tenho que me relembrar de que não era
cristão para que eu não seja injusto
com esse grande pensador) julgam acreditar que sob o nome “comunismo” repousam
as experiências soviéticas, stalinistas, leninistas e/ou marxistas. É
justamente aqui que a apropriação das
regras formais da direita atinge seu ápice. Agora, um simples olhar na “história
panfletária” (já que a única e autêntica história que a direita conhece como
verdadeira é aquela narrada por católicos conservadores como Paul Johnson) nos
revelará que de fato o comunismo nunca ocorreu. Em uma das
determinações do comunismo ofertadas
por Karl Marx nos Manuscritos
Econômico-Filosóficos, lê-se:
O comunismo é a eliminação
positiva da propriedade privada como auto-alienação humana e,
desta forma, a real apropriação da essência humana pelo e para o
homem. É, deste modo, o retorno do homem a si mesmo como ser social, ou melhor,
verdadeiramente humano, retorno esse integral, consciente, que assimila toda a
riqueza do desenvolvimento anterior.
Não me
lembro em que momento histórico do século XX isso de fato ocorreu... Mas, para
os conservadores, tudo isso não passaria de “modelagem de discurso”. Ora, mas
não são os próprios conservadores que durante esse tempo inteiro tentam
discursar paradigmaticamente acerca da necessidade natural (no dizer deles) de um Rei
ou de um Monarca, para que os outros (o
povo, o populacho, a populaça) se tornem súditos? Mas de onde esse pensamento filosófico-teológico-conservador
emerge? Da própria natureza, haja
vista que para os conservadores-monarquistas-direitistas assim como há na
natureza uma só abelha rainha, no
universo há um só deus, logo, não é difícil conjecturar se
seguirmos o argumento natural-apícola,
de Tomás de Aquino, que para esses conservadores o monarca é um homem-deus,
ou vai ver que é a própria emanação
de deus na terra, já que ele “age na história” (princípio indelével da teologia
fundamental).
Enfim, mas vai ver que estas palavras aqui
escritas não passem de “linguagem protestante-maçônica”...