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São Luís, Maranhão, Brazil
Homem simples e comum: procuro ser gentil com as pessoas, amigo dos meus amigos e bondoso com a minha família. Sou apaixonado por filmes, internet, livros, futebol e música. Estou tentando sempre equilibrar corpo e mente, manter-me informado das notícias a nível mundial, ministrar aulas de geografia em paralelo às pesquisas acadêmicas que desenvolvo e, no meio de tudo isso, tento achar tempo para o lazer e o namoro. Profissionalmente,sou geógrafo e professor de Geografia no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal do Maranhão (IFMA ­ Campus Avançado Porto Franco) e Doutorando em Geografia Humana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Membro do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA) e do Núcleo de Estudos do Pensamento Socialista Pesquisa do Sindicalismo (NEPS), ambos da UFMA. Participo da Rede Justiça nos Trilhos.

segunda-feira, 28 de março de 2016

PA – Salobo [subsidiária da Vale] derrama nitrato de amônio em Marabá

flona tapirapé maraba
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Subsidiária da Vale comete poluição química em córregos e rios de Marabá, segundo denúncia do MPF
A Justiça Federal abriu dois processos contra a Salobo Metais, projeto de mineração de cobre da mineradora Vale, em Marabá, no sudeste do Pará. O Ministério Público Federal (MPF) acusa a Salobo de crime ambiental por poluir e desmatar ilegalmente áreas de floresta. A Vale informou, por meio de nota, que ainda não foi notificada e por isso prefere não comentar o caso.
O MPF que ajuizou as ações no último mês de janeiro, teve oficialmente acesso à informação sobre o recebimento das denúncias na última sexta-feira (18).
As ações relatam danos provocados à Floresta Nacional do Tapirapé-Aquiri, localizada em Marabá, São Félix do Xingu e Parauapebas. Segundo MPF, as irregularidades foram praticadas por empregados da Salobo e detectadas por agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), chefiado pelo marabaense André Luís Macedo Vieira.
A instituição ainda relata que para reduzir a poluição provocada, os fiscais chegaram a improvisar barreiras de contenção em um córrego para evitar maior contaminação com o nitrato de amônio.
Produto químico
De acordo com a procuradora da República Nathália Mariel Pereira, no primeiro semestre de 2015 houve derramamento de 1,5 tonelada de produto químico no solo e águas da floresta, desmatamento ilegal de 5,4 hectares de mata e descarte incorreto de materiais, inclusive de resíduos contaminados com óleo.
Caso seja condenada, a Salobo pode ser obrigada ao pagamento de multas e pode ficar proibida de contratar ou receber incentivos financeiros do poder público, além de ter que promover a prestação de serviços comunitários.
ICMBIO na cola
Segundo informações do chefe da Unidade de Conservação da Flona Tapirapé-Aquiri, André Luís Macedo Vieira, ultimamente a Vale tem protocolado muitas solicitações de supressão de vegetação na área do Projeto Salobo para áreas relativamente pequenas, o que resulta numa quantidade maior de processos de licenciamento, que muitas vezes demoram para chegar em Carajás, onde eles analisam.
O ICMBIO é o mais confiável guardião da sociedade em relação às atividades de mineração no chamado Mosaico Carajás praticadas pela Vale. Embora sejam poucos, os fiscais têm amplo conhecimento e estão de olho no que a Vale faz ou deixa de fazer em todos os projetos.
André Luís Macedo explica que a Lei Nº 11.516, que cria o ICMBio, concede ao  instituto poder de policia ambiental para garantir a proteção das unidades de conservação. Desta forma, assim como o IBAMA, o ICMBio tem autonomia para fiscalizar as atividades da mineradora no interior da Unidade de Conservação e atividades externas que causem algum impacto nas UC’s.
A Floresta Nacional do Tapirape-aquiri tem 80% de sua área de 196.503,94 hectares localizada no município de Marabá. Os principais atrativos são o Rio Itacaiunas e afluentes; observação de Aves; trilhas na floresta; lagoas pluviais; Complexo Industrial de Mineração de Cobre (Projeto Salobo); Posto Avançado Ecológico (base situada no interior da Floresta, às margens do Rio Itacaiunas); área em processo de restauração ambiental; e castanhais

sexta-feira, 4 de março de 2016

G1: “MPF quer impugnar acordo firmado entre poder público e Samarco”

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Órgão diz que texto ‘prioriza a proteção do patrimônio das empresas’. Trato cria fundo de R$ 20 bilhões para recuperar a Rio Doce em 15 anos.
G1
O Ministério Público Federal de [sic] Minas Gerais (MPF) questiona o acordo firmado nesta quarta-feira (2) entre representantes dos poderes públicos federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo com a mineradora Samarco. O órgão pretende impugnar o texto por considerar insuficiente o valor a ser pago pela empresa. [sic]
O trato cria um fundo de R$ 20 bilhões para recuperar a Bacia do Rio Doce em 15 anos. A previsão é que, só entre 2016 e 2018, a mineradora aplique no fundo R$ 4,4 bilhões. O ato de assinatura do acordo, no Palácio do Planalto, foi acompanhado pela presidente Dilma Rousseff.entre União, Estados de MG e ES, Samarco, Vale e BHB Billiton.
Mas segundo o MPF, o acordo “prioriza a proteção do patrimônio das empresas em detrimento da proteção das populações afetadas e do meio ambiente”.
O coordenador da força-tarefa criada pelo órgão para apurar o desastre ambiental em Mariana, na Região Central de Minas Gerais, e procurador da república de Minas Gerais, José Adércio Leite Sampaio, “o acordo é tão genérico que nós podemos dizer que ele se mostra hoje muito mais como uma carta de intenção do que como um acordo com caráter jurídico. ora, como é que nós podemos extrair de um acordo tão genérico uma obrigação jurídica de um valor específico e de uma obrigação de recuperação ambiental e de proteção dos direitos da vítima”.
A Samarco, cujos controladores são a Vale e a anglo-australiana BHP, é a responsável pela barragem que se rompeu em Mariana (MG) no fim do ano passado e deixou mortos e desabrigados. A lama gerada pelo rompimento atravessou o Rio Doce e chegou ao mar do Espírito Santo. No percurso do rio, cidades tiveram de cortar o abastecimento de água para a população em razão dos dejetos.
Para o procurador Eduardo Aguiar, que também faz parte da força-tarefa, a legislação ambiental brasileira é moderna e capaz de tratar do caso. “O Ministério Público Federal não concorda com o tempo e com o a forma como esse acordo foi costurado. A legislação ambiental é muito evoluída neste sentido, priorizando a questão técnica e não financeira das empresas envolvidas”.
O MPF ainda afirma que as populações atingidas não foram ouvidas durante o processo. O acordo prevê a conclusão de projetos de recuperação da Região do Rio Doce em 15 anos, prazo considerado longo pelo órgão.
“O acordo desconsidera a garantia de responsabilidade solidária do próprio poder público para a reparação do dano, não tendo sido nem sequer estabelecidos mecanismos jurídicos capazes de garantir a efetividade do cumprimento das obrigações assumidas pelas empresas, o que transformou o ajustamento em algo próximo de uma carta de intenções”
A Força-Tarefa esclarece, ainda, que a assinatura do acordo não extingue as demais ações judiciais movidas pelo MPF em Minas Gerais e no Espírito Santo.
O diretor-presidente da Samarco, Roberto Carvalho, que assumiu o cargo depois do afastamento de Ricardo Vescovi, indiciado pelas polícias civil e federal, disse que “a Samarco tem um grande compromisso com as pessoas e o meio ambiente impactados e dará apoio integral à fundação e à implantação dos programas em todas as frentes de trabalho”.
O diretor-presidente da Vale, Murilo Ferreira, disse que “este dia é um marco para todos os envolvidos, uma vez que um acordo é sempre melhor do que uma disputa judicial”.
Para o CEO da BHP Billiton, Andrew Mackenzie, “este acordo demonstra que estamos verdadeiramente empenhados em remediar completamente os danos causados e contribuir para uma melhoria duradoura do Rio Doce”.
Durante a cerimônia de assinatura do acordo, a presidente Dilma Rousseff afirmou que serão tomados dois tipos de medidas. “De um lado, há medidas de curto prazo para reparação dos danos a pessoas e à restauração da vida da população atingida que não pode esperar. De outro, daremos início à execução de medidas de médio e longo prazos assumidas com obrigações para completa recuperação social, econômica e ambiental das regiões atingidas.”
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, disse que os resultados serão alcançados independente dos governos e declarou que a sociedade vai fiscalizar o processo.
Veja os principais pontos do acordo:
– Reparação integral das condições socioeconômicas e do meio ambiente afetados, sem limites financeiros até a integral reparação;
– Horizonte de 15 anos para recuperação. A cada três anos, todos os programa serão avaliados para readequar metas e compromissos;
– Os recursos doados pelas empresas para 2016-2018 será de R$ 4,4 bilhões de reais, como aporte incial, que será ampliado conforme a necessidade;
–  Após 2018, a previsão é de aporte anual de R$ 1,2 bilhão, podendo chegar a R$ 20 bilhões concluído o período;
– Medidas de compensação aos pescadores, produtores, povos indígenas, povos tradicionais, bem como para estimular a retomada de atividades econômicas;
– Recursos para que municípios possam fazer obras de saneamento básico, interrompendo processo de contaminação do rio pelo esgoto;
– Garantir que todos os envolvidos, incluindo comunidades e movimentos sociais, participem da definição, acompanhemento e desenvolvimento de todas as ações;
– As ações serão executadas pela iniciativa privada, mas fiscalizadas pelos estados.
– Com o acordo, a ação civil que tramita sobre o caso entra na fase de implementação e fiscalização.
O que continua pendente:
– O acordo não trata da volta do funcionamento da Samarco, que teve a licença ambiental suspensa;
– A responsabilidade pelos danos também é apurada nas esferas penal e administrativa;
– O Ministério Público ainda deve se pronunciar sobre o pedido de prisão de 7 pessoas, que podem responder por homicídio qualificado por dolo eventual;
– Ainda não foram definidas indenizações para todos os afetados pelo rompimento da barragem. Houve uma antecipação (R$ 100 mil) para vítimas de Mariana;
Orçamento do fundo
Segundo o Ministério do Meio Ambiente, o fundo criado a partir do acordo prevê R$ 20 bilhões em recursos, valor que pode variar. Deverão ser alocados pela mineradora R$ 2 bilhões em 2016; R$ 1,2 bilhão, em 2017; e R$ 1,2 bilhão, em 2018. De 2019 a 2021, o valor a ser investido poderá variar de R$ 800 milhões a R$ 1,6 bilhão.
A partir de 2022, os valores só serão definidos conforme o desenvolvimento dos projetos a serem implementados. Além disso, ao longo dos 15 anos de vigência do acordo, deverão ser investidos R$ 240 milhões a mais a cada ano para medidas compensatórias, como saneamento.
O acordo assinado nesta quarta em Brasília vinha sendo negociado entre os poderes públicos federal e estadual e a Samarco desde o ano passado. Assinaramo documento: Luís Adams (advogado-geral da União), Izabella Teixeria (ministra do Meio Ambiente), Fernando Pimentel (governador de MG), Onofre Alves (advogado-geral de MG), Paulo Hartung (governador do ES), Rodrigo Rabello (procurador-geral do ES), Roberto Nunes (diretor-presidente da Samarco), Murilo Ferreira (diretor-presidente da Vale), Jim (diretor comercial global da BHP) e Flávio Bocaiúvas (diretor de projetos Brasil da BHP)

Associação Brasileira de Antropologia (ABA) expressa desacordo à 4ª edição do Prêmio VALE-CAPES de Ciência e Sustentabilidade

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A Associação Brasileira de Antropologia (ABA) vem, por meio desta, manifestar seu desacordo em relação à edição do Prêmio VALE-CAPES de Ciência e Sustentabilidade.
Por ocasião da primeira edição desse prêmio, em janeiro de 2013, representantes de associações acadêmicas (entre elas a ABA e a ANPUR), vieram a público declarar que consideravam inadequada a instituição do chamado Prêmio Vale-Capes de Ciência e Sustentabilidade, visando contemplar Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado associadas a temas ambientais e socioambientais. Afirmamos, na oportunidade, que era de conhecimento público que as práticas da Vale S.A. são, com grande frequência, avaliadas como impróprias do ponto de vista social e ambiental, em muitos casos com implicações legais, conforme registrado por inúmeros trabalhos de pesquisa nas áreas de Sociologia, Antropologia e Ciências Sociais Aplicadas, expressos em apresentações em Congressos, Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado referendadas pela comunidade científica brasileira nos últimos anos.
Nosso desacordo cresce na mesma proporção em que ampliam as danosas consequências daquele que é um dos maiores desastres ambientais e sociais dos últimos tempos no Brasil: o rompimento da barragem de rejeitos da empresa Samarco (Vale/BHP-Billinton) em Mariana, Minas Gerais, em 5 de novembro de 2015. Povos indígenas e comunidades tradicionais, além de uma imensa região, foram atingidos pelo desastre, é o caso dos KrenacTupinikin e Guarani; da comunidade de pomeranos, pescadores; e coletivos quilombolas entre outras tantas, quer na bacia Rio Doce, quer no litoral do Espírito Santo.
O prêmio em sua quarta versão continua a difundir a falsa percepção, no interior da academia, de que aVale S.A. tem preocupações ambientais e de “sustentabilidade”. Percepção que contraria a conclusão (em 23 de fevereiro de 2016) do Inquérito da Polícia Civil que indica como causas do desastre de Mariana a combinação de negligência e falhas que envolvem: liquefação; elevada saturação de rejeitos arenosos depositados na barragem de Fundão; monitoramento inadequado utilizando número reduzido de equipamentos e/ou equipamentos c om defeito; elevada taxa de alteamento anual da barragem; assoreamento do dique dois; e deficiência do sistema de drenagem. Em suma, a Vale S.A. foi comprovadamente negligente em relação aos direitos das comunidades tradicionais e ao meio ambiente e, ao mesmo tempo, capitaneia um prêmio de “sustentabilidade ambiental” que tem como alvo a universidade e a pesquisa acadêmica. Não podemos ficar em silêncio.
Que fique claro, nosso desconforto diz respeito à repetição de eventos, não se trata de uma “primeira vez” (apenas, no estado de Minas Gerais, desde 1986, aconteceram oito outros acidentes deste tipo, embora com menor amplitude), nem ocorreram por falta de alerta. Pelo contrário, o caráter frequentemente “anunciado” de tais eventos – ou seja, a prévia circulação de advertências quanto à probabilidade de ocorrência – contrasta com a diminuta ou nenhuma repercussão destes alertas junto a órgãos públicos responsáveis pelo controle ambiental das práticas produtivas.
Por último, mas igualmente importante, indica -se que se tome como objeto de interrogação, as razões para a permanente ausência de resposta, por parte de instâncias públicas, aos alertas da sociedade sobre riscos correspondentes à irresponsabilidade, imprevidências e descuidos observados nas práticas de muitos dos empreendimentos do setor mineral.
Considera-se que a insistente concordância da CAPES com o prêmio é um desrespeito à comunidade acadêmica, além de demonstrar descaso com as vidas humanas que vão de arrasto na enxurrada de lama.
Brasília, 02 de março de 2016.
Associação Brasileira de Antropologia

Ministério Público Federal, de Minas e do Espírito Santo questionam em Nota acordo entre União, Estados, Samarco, Vale e BHB Billiton

Bento Rodrigues pós Samarco. Foto de Helena Wolfenson
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Para o Ministério Público, o acordo prioriza a proteção do patrimônio das empresas em detrimento da proteção das populações afetadas e do meio ambiente
MPF
Em nota, o Ministério Público questiona o acordo extrajudicial que foi assinado em Brasília, entre  a União, os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo e a Samarco, Vale e BHP Billiton, empresas responsáveis pelo rompimento da barragem de Mariana no dia 5 de novembro de 2015. O MP entende que o acordo prioriza a proteção do patrimônio das empresas  em detrimento da proteção das populações afetadas e do meio ambiente. Leia a íntegra da nota:

Nota

O Ministério Público Federal (MPF), por meio da Força-Tarefa que investiga o desastre socioambiental causado pelo rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana/MG, juntamente com os Ministérios Públicos dos Estados de Minas Gerais (MP/MG) e Espírito Santo (MP/ES), questiona o acordo extrajudicial que foi assinado em Brasília/DF, entre  a União, os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo e a Samarco, Vale e BHP Billiton, empresas responsáveis pelo rompimento da barragem no dia 5 de novembro de 2015, por entender que o acordo prioriza a proteção do patrimônio das empresas  em detrimento da proteção das populações afetadas e do meio ambiente.
A Força-Tarefa considera a legislação socioambiental brasileira avançada e afirma que o acordo, nos moldes como foi desenhado, além de não garantir a reparação integral do dano, não segue critério técnico. Também não observou os diretos à informação e de participação das populações atingidas e, com relação aos povos e comunidades tradicionais, o direito à consulta prévia, livre e informada.
Para o Ministério Público, o Termo de Ajustamento e de Transação celebrado entre o poder público e as empresas Samarco, Vale e BHP não tutela de forma integral, adequada e suficiente os direitos coletivos afetados, diante da ausência de participação efetiva dos atingidos nas negociações e da limitação de aportes de recursos por parte das empresas para a adoção de medidas reparatórias e compensatórias. Além disso, concedeu-se injustificadamente tratamento beneficiado à Vale e à BHP Billiton, vulnerando a garantia de responsabilização solidária.
A FT destaca também que o acordo desconsidera a garantia de responsabilidade solidária do próprio poder público para a reparação do dano, não tendo sido nem sequer estabelecidos mecanismos jurídicos capazes de garantir a efetividade do cumprimento das obrigações assumidas pelas empresas, o que transformou o ajustamento em algo próximo de uma carta de intenções.
A Força-Tarefa esclarece, ainda, que a assinatura do acordo não extingue as demais ações judiciais movidas pelo MPF em Minas Gerais e no Espírito Santo.
Destaque: Bento Rodrigues pós Samarco. Foto de Helena Wolfenson

Movimento dos Atingidos por Barragens: Governo se rende à Samarco (VALE/BHP Billiton)

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A Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens repudia o acordo realizado entre o governo federal e a Samarco.
O acordo realizado entre governo federal e Samarco (Vale/BHP Billiton) para a suposta reconstrução do rio Doce representa a rendição ao criminoso. Realizado em gabinetes e sem participação nenhuma das vítimas que foram atingidas, acordo cede ao réu todos os poderes para decidir sobre o futuro de uma região que ele mesmo destruiu.
Através de uma fundação privada, a mineradora administrará todos os recursos destinados à mitigação dos danos incalculáveis causados pelo rompimento da barragem do Fundão. No meio destes termos, não há nenhuma linha que garanta a participação dos atingidos. Ou seja, as principais vítimas dessa tragédia foram totalmente excluídas no processo de construção do acordo e também não terão o direito de opinar sobre a reconstrução de suas próprias vidas. Na verdade, as vítimas não terão o direito nem mesmo de se declararem como tal, porque este poder será exclusivo à própria Samarco.
As vítimas terão que provar que são atingidos e os agressores terão o poder de decidir quem é atingido e o que deve ser a reparação. Uma total violação de direitos que agora terá conivência dos governos e do judiciário.
Este fato demonstra a submissão dos governos, federal e estaduais, à Vale e à BHP Billiton. Este acordo é a constatação das promíscuas relações que se estabelecem mediante os financiamentos privados de campanha que, como já é sabido, decidem quais são os candidatos que ganham as eleições.
Em nenhum momento o governo se mostrou disposto a nos consultar sobre qualquer acordo. O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), enquanto principal movimento social de atingidos por barragens no Brasil, foi completamente ignorado. Fomos informados desse acordo pela própria imprensa, nacional e internacional, que nos ligaram a partir da denúncia realizada pela Agência Pública.
Todavia, esse acordo não é um fato consumado. Nesse mês de março, que marca a data de luta internacional de resistência contra as barragens, atingidos e atingidas de todo o Brasil sairão às ruas para denunciar e exigir o nosso direito de participação. Convocamos todos/as aqueles/as que queiram se somar nessa marcha.
Minério, água e energia não são mercadorias!
São Paulo, 2 de março.
Coordenação Nacional do Movimento dos Atingidos por Barragens.

quarta-feira, 2 de março de 2016

Samarco [Vale/BHP Billiton] pagará R$ 4,4 bilhões para compensar tragédia de Mariana

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Paulo Victor Chagas e Léo Rodrigues – Repórteres da Agência Brasil
A Samarco, dona da mineradora onde houve rompimento de uma barragem, em Mariana (MG), que causou o maior desastre ambiental da história do país, assinou nesta tarde um acordo para recuperação da Bacia do Rio Doce. Nos próximos três anos, a empresa destinará R$ 4,4 bilhões para compensar os prejuízos sociais, ambientais e econômicos da tragédia.
Fechado com o governo federal e os governos de Minas Gerais e do Espírito Santo, estados afetados pelo acidente, o acordo foi assinado também pelas empresas acionistas da Samarco, Vale e BHP, que terão que arcar com os pagamentos, caso a Samarco não honre o acordo.
O dinheiro será usado por uma fundação, formada por especialistas indicados pela mineradora, que desenvolverá 38 projetos voltados para a recuperação ambiental e socioeconômica dos municípios atingidos, indenização e assistência à população. O valor previsto é parcial e, após os três anos iniciais, novos cálculos determinarão o volume de dinheiro que deverá ser empregado até 2018.
Ao todo, o acordo está estimado R$ 20 bilhões, além de mais R$ 4,1 bilhões a serem aplicados em ações compensatórias pelo prazo de 15 anos. Embora a fundação que vai gerir o acordo seja privada, o controle público será feito por meio do comitê interfederativo formado por representantes dos governos federal, estaduais, municipais e do Comitê de Bacia do Rio Doce.
No dia 5 de novembro do ano passado, uma barragem de rejeitos da Samarco rompeu-se e derramou 32 milhões de metros cúbicos de lama de rejeitos de mineração no Rio Doce. O episódio causou a morte de 17 pessoas e deixou dois desaparecidos no distrito de Bento Rodrigues; destruiu e prejudicou o abastecimento de água em diversos municípios e continua causando impactos ambientais graves no rio Doce e no oceano atlântico, onde o rio desemboca.
Uma cerimônia no Palácio do Planalto marcou a assinatura do acordo. Além da presidenta Dilma Rousseff e dos governadores de Minas, Fernando Pimentel, e do Espírito Santo, Paulo Hartung, participaram do evento os presidentes da Samarco, Ricardo Vescovi, da Vale, Murilo Ferreira, e da BHP, Andrew Mackenzie, além do vice-presidente Michel Temer.
Após a tragédia, a Advocacia-Geral da União e o Ministério Público dos estados atingidos moveram uma ação civil pública contra as empresas pedindo um valor mínimo de R$ 20 bilhões, a serem pagos em dez anos, para reparação dos estragos socioambientais e econômicos. Após ajuizar a ação, o Poder Público passou a negociar o acordo com as mineradoras com o objetivo de evitar uma lenta disputa judicial.
Edição: Beto Coura.

Vale derruba casas na região da Serra do Gandarela, Minas

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Movimento pela preservação da Serra do Gandarela
A Vale derrubou 3 casas na sexta-feira, 26 de fevereiro, em Rio Acima, na região de Água Limpa, no entorno do Parque Nacional da Serra do Gandarela. Moradores informaram que foram utilizadas 2 máquinas e que a empresa não apresentou aos proprietários das casas demolidas quaisquer documentos ou autorização para essa grave violação.
Em uma das casas, as máquinas e funcionários da Vale, acompanhados de um policial, chegaram às 6 da manhã e nem deram tempo da família retirar seus pertences do lugar.
Veja o vídeo abaixo.
Entenda o contexto
O Parque Nacional da Serra do Gandarela foi criado no dia 13/10/2014, deixando de fora dos limites a área pretendida pela Vale para a implantação da Mina Apolo, a partir de articulações “de bastidores” entre o Ministério do Meio Ambiente (Ministra Izabella, Secretário Executivo Francisco Gaetani e técnico Sérgio Brant), o Governo de Minas Gerais e aliados da empresa que nem respeitaram o processo técnico dentro do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Sabemos que a empresa já está providenciando os documentos para solicitar a autorização do ICMBio para seu projeto, que agora ficaria no entorno imediato da Unidade de Conservação, e está realizando estudos complementares para, assim, dar prosseguimento ao licenciamento do seu empreendimento na Serra do Gandarela, que seria a 2ª Carajás da Vale, conforme mencionaram quando do primeiro Estudo de Impacto Ambiental em 2009.
A Vale não desiste de minerar a Serra do Gandarela, fundamental pelas suas águas de qualidade para os municípios do entorno e para os rios das Velhas/São Francisco e Piracicaba/Rio Doce. Mesmo na atual situação de escassez de água, que coloca em sério risco o abastecimento da região metropolitana de Belo Horizonte, e após a tragédia de Mariana – que a Vale também é responsável – que impactou de forma violenta o Rio Doce, para o qual as águas límpidas que nascem na Serra do Gandarela são essenciais, a Vale insiste em seu projeto chamado Mina Apolo.
Como em todos os lugares onde a Vale atua, esta empresa viola direitos e impacta gravemente pessoas e o meio ambiente. NÃO PODEMOS DEIXAR QUE ELA DESTRUA A SERRA DO GANDARELA.
Saiba mais: aguasdogandarela.org
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Divulgue junto aos seus amigos!
MOVIMENTO PELA PRESERVAÇÃO DA SERRA DO GANDARELA