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Homem simples e comum: procuro ser gentil com as pessoas, amigo dos meus amigos e bondoso com a minha família. Sou apaixonado por filmes, internet, livros, futebol e música. Estou tentando sempre equilibrar corpo e mente, manter-me informado das notícias a nível mundial, ministrar aulas de geografia em paralelo às pesquisas acadêmicas que desenvolvo e, no meio de tudo isso, tento achar tempo para o lazer e o namoro. Profissionalmente,sou geógrafo e professor de Geografia no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal do Maranhão (IFMA ­ Campus Avançado Porto Franco) e Doutorando em Geografia Humana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Membro do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA) e do Núcleo de Estudos do Pensamento Socialista Pesquisa do Sindicalismo (NEPS), ambos da UFMA. Participo da Rede Justiça nos Trilhos.

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

O veto no Maranhão ao projeto de lei de combate ao trabalho escravo


Por , 01/09/2013 10:41
Floresta de carv‹oQuase 50 anos de domínio político da família Sarney no Maranhão. Entenda porque Roseana vetou o projeto de combate ao trabalho escravo a ser discutido pela Assembleia Legislativa
Por Luciana Gaffrée, de Montevidéu, para REL-UITA
O Brasil produz o melhor ferro gusa do mundo, usado principalmente na produção de peças automotivas. De acordo com o Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, em 2008, a mineração constituiu quase 2% do PIB do Brasil, uma soma de US$ 23,95 bilhões. O crescimento no setor é enorme, e estima-se que, em 2014, a mineração atingirá os US$ 46 bilhões.
Instituto Observatório Social informa que as carvoarias da Amazônia são controladas por 13 siderúrgicas com sede no Maranhão e no Pará, entretanto a sua produção só é possível graças ao desmatamento e ao trabalho escravo, sendo o Maranhão um dos principais estados fornecedores de mão-de-obra escrava e, portanto barata, para garantir a competitividade do produto.
 
Roseana Sarney e as siderúrgicas do Maranhão
Em maio de 2012, o relatório “Carvoaria Amazônia”, lançado pelo Greenpeace Internacional denuncia a relação entre o desmatamento da floresta amazônica com a produção de ferro gusa na região Norte.
A pesquisa revela que as grandes montadoras, incluindo Ford, General Motors,Nissan, Mercedes e BMW, bem como o gigante de equipamentos agrícolas John Deere, carregam desmatamento e trabalho análogo ao escravo em sua cadeia de fornecimento (processo conhecido como escravidão moderna).
O relatório afirma que a Viena Siderúrgica do Maranhão S/A, “produtora de ferro gusa do Maranhão, é um exemplo da impunidade que corre solta nesse setor. A empresa, que tem sede em Açailândia, controla cinco altos-fornos e faz parte de um grupo composto por outras duas grandes guseiras, a Companhia Vale do Pindare (Pindare) e a Siderúrgica do Maranhão (Simasa).
As três empresas juntas têm uma capacidade anual de produção de 1,5 milhão de toneladas de ferro gusa e a Viena declara que pelo menos 80 por cento da produção vai para os Estados Unidos.
A Viena continua negociando com carvoarias ilegais, que empregam mão de obra escrava, e estão ligadas à destruição da Amazônia, embora presida o Conselho do Instituto Carvão Cidadão, que pretende banir essa prática.
Um dos principais fornecedores da Viena, a Carvoaria Chapadão, do Pará, de quem a Viena comprou, em 2011, cento e noventa e sete remessas de carvão, foi indiciada por trabalho análogo ao escravo em dezembro de 2011”.
Em 17 de fevereiro de 2011, a publicação A Floresta que Virou Cinza, realizada pelo Instituto Observatório Social, em parceria com a Papel Social Comunicação, também denunciou os diferentes graus de responsabilidade de gigantes globais com relação ao desmatamento e ao trabalho escravo e o desvio de R$ 132 milhões de reais pela chamada Máfia da Sudam, que em 2002 levou o senador Jader Barbalho (PMDB) à prisão e implodiu a candidatura da governadora Roseana Sarney (PMDB) à presidência da república.
A mesma publicação afirma que Dorothy Stang foi morta dentro de uma área de terras grilada pelo braço direito de Jader Barbalho.
Caso Dorothy Stang
O relatório afirma que uma parte dos envolvidos nas fraudes na Sudam e no consórcio do carvão ilegal financiou o assassinato da freira Dorothy Stang, morta em Anapu com seis tiros, em 2005. Anapu é uma região controlada pelo grupo de Laudelino Délio Fernandes, um dos chefes da Máfia da Sudam e o coordenador do consórcio criminoso que fornece carvão do desmatamento e do trabalho escravo para a indústria do aço, denuncia o relatório.
O relatório também avisa que Jader Barbalho e Roseana Sarney conseguiram abafar a apuração, porque a lista de políticos envolvidos no esquema é bem maior. Hoje, dois anos depois, o Diário do Pará publicou em 10 de julho de 2013, que o senador Jader Barbalho foi condenado a ressarcir R$ 2,2 milhões à União, por apropriação ilícita de recursos públicos federais do Fundo de Investimento da Amazônia (Finam), da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).
A Oligarquia Sarney
O trabalho escravo e o Maranhão
 
Um levantamento de 2007 da Comissão Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo (Coetrae) mostrou que o estado do Maranhão era o principal fornecedor de mão de obra escrava. Além disso, o Maranhão tem a segunda pior colocação no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de acordo com o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, em 2013.
Dados disponíveis no Portal da Transparência mostram que a Carmel Construções, flagrada pelo Ministério Público do Trabalho utilizando mão de obra em situação análoga à escravidão em obra do Arraial da Lagoa, é contratada com frequência pelo governo do estado do Maranhão.
Entre janeiro de 2009 e maio de 2013, a empresa recebeu R$ 4.607.000,00. Em 2009, a Carmel recebeu R$ 167.634,46. Em 2010, a empresa recebeu R$ 490 mil. Em 2011, a Carmel recebeu R$ 1, 8 milhão. Em 2012, recebeu R$ 3 milhões.
Na Viena Siderúrgica do Maranhão S/A, proprietária de três fazendas (uma no Pará e duas no Maranhão) foram encontradas 133 pessoas em condições análogas à escravidão. Na Simasa (Siderúrgica do Maranhão S.A), que detém duas fazendas (uma no Pará e outra em Tocantins), foram encontradas 57 pessoas em condições análogas à escravidão. A Siderúrgica Gusa Nordeste S.A. foi autuada por ter 18 trabalhadores em condições análogas à escravidão, no estabelecimento de Pequiá, em Açailândia, no Maranhão. José Sarney (PMDB) recebeu R$ 50 mil da Siderúrgica Gusa Nordeste S/A, acusada de manter 18 pessoas trabalhando em condições análogas à escravidão.
Roseana Sarney, governadora do Maranhão, poderá ser cassada, por estar sendo acusada de usar recursos públicos da ordem de R$ 1 bilhão em convênios celebrados com prefeituras do interior do estado, para assim ganhar as eleição de 2010.
Uma tabela revela que nos quatro dias que antecederam a convenção, a governadora assinou 670 convênios que previram a liberação de mais de R$ 165 milhões para diversos municípios do estado. No mês de junho de 2010, foram assinados 44 convênios apenas no âmbito da Secretaria das Cidades.
Oligarquia Sarney começou em 1965, quando José Sarney venceu sua primeira eleição para governador. Na época era apenas um advogado sem muito dinheiro, hoje o homem mais rico do Maranhão. Se a família Sarney vencer em 2014, completará 50 anos de domínio político no estado.
Roseana Sarney e a Lista Suja do Trabalho Escravo
 
Roseana Sarney vetou o projeto de lei de combate ao trabalho escravo a ser discutido pela Assembleia Legislativa do Maranhão. O projeto de lei nº 169/2013 havia sido aprovado na Assembleia Legislativa do Estado e previa a cassação do registro de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) de empresas flagradas com trabalho escravo. A governadora alegou que o texto é inconstitucional.
Coincidentemente, na Lista Suja do Trabalho Escravo, o Maranhão aparece entre os primeiros colocados como os maiores fornecedores de mão de obra escrava para possibilitar que indústria brasileira do ferro gusa seja a maior do mundo.

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