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São Luís, Maranhão, Brazil
Homem simples e comum: procuro ser gentil com as pessoas, amigo dos meus amigos e bondoso com a minha família. Sou apaixonado por filmes, internet, livros, futebol e música. Estou tentando sempre equilibrar corpo e mente, manter-me informado das notícias a nível mundial, ministrar aulas de geografia em paralelo às pesquisas acadêmicas que desenvolvo e, no meio de tudo isso, tento achar tempo para o lazer e o namoro. Profissionalmente,sou geógrafo e professor de Geografia no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal do Maranhão (IFMA ­ Campus Avançado Porto Franco) e Doutorando em Geografia Humana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Membro do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA) e do Núcleo de Estudos do Pensamento Socialista Pesquisa do Sindicalismo (NEPS), ambos da UFMA. Participo da Rede Justiça nos Trilhos.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

CIÊNCIA, GEOGRAFIA E CAPITALISMO: A BUSCA DO OUTRO

Costumo dizer que o desenvolvimento é capitalcêntrico. Esta é uma ideia tomada do antropólogo colombiano Arturo Escobar. Este pensador exerce grande influência sobre o meu pensamento e sobre a forma de fazer geografia. Pensando esses dias sobre a assertiva do desenvolvimento ser capitalcêntrico, eu questionei-me: se traçarmos uma espécie de linha do tempo, a modernidade, o desenvolvimento das ciências, entre outros aspectos, todos eles enquadram-se como acontecimentos decorrentes do desenrolar do capitalismo cada vez mais global. Nesse sentido, será que a geografia, ou melhor, será que as ciências modernas estariam capacitadas ou aptas a negar o seu capitalcentrismo? A própria “Geografia Moderna” é refém deste nascedouro. Então até que ponto as ciências modernas podem nos auxiliar a superar o capitalcentrismo? É possível que uma ciência negue as suas origens? É possível mesmo uma reorientação científica da geografia? Uma reorientação que abandone os preceitos do desenvolvimento da modernidade e do progresso? O que esperar de uma geografia a - desenvolvimentista, não moderna e anti-progressista? A barbárie? Ou a perspectiva de um questionamento radical com a ordem epistemológica estabelecida? Se a geografia é, em seu nascimento, capitalcêntrica e moderna, como fazer, qual caminho trilhar para superar esta sua gênese?
A resposta pode ser buscar o outro... Fazer uma geografia do outro, do não desenvolvido, do não moderno, do não capitalista. Fazer uma geografia do outro é a possibilidade real de superação da geografia colonializada: uma geografia que obedece tanto ao nível do método, quanto do próprio conhecimento, os cânones da ciência. A ciência, com toda certeza hoje, não é a única portadora da verdade; nem tampouco pode se auto-intitular como única portadora do conhecimento: ela é apenas mais uma forma de saber, o saber científico, o saber da ciência e não o saber universal. As pretensões universais da ciência acabaram por reduzir a importância de outros saberes que construíram o mundo em que vivemos: o saber do outro, ou seja, do camponês, do indígena, do quilombola, do sulista de uma maneira geral, aquele conjunto de seres e grupos sociais que participaram subalternamente da modernidade, do desenvolvimento e do progresso. Negar a origem, assimilar o outro e internalizá-lo na ciência geográfica deve ser, pelo menos eu creio nisso, o caminho para que haja a superação mais do que necessária do desenvolvimento canonizado, da modernidade colonial e do regresso que muitas vezes representa o progresso.
Enquanto a geografia servir para legitimar o desenvolvimento (capitalista), a modernidade e o progresso, jamais ela poderá se transformar em um instrumento de superação, ruptura e metamorfose do mundo. É preciso jogar o sistema contra o sistema, a geografia contra aquilo que ela própria representou: arma do Estado, arma da ciência e do mercado. Estas três instituições canonizadas pelo pensamento moderno apenas utilizam-se da geografia enquanto estratégia de manutenção da reprodução das relações de poder, de submissão do outro, da colonialidade, do regresso e da retirada relativa de autonomia que os outros possuem com seus saberes. Precisamos cuidar para que a ciência geográfica se volte contra a própria ciência para que os outros possam ser visibilizados. Des/recientificar a geografia poderá ser uma aventura no início: mas nos servirá para que quebremos o cânone da ciência e possamos iniciar um verdadeiro diálogo epistêmico com outras matrizes de conhecimento e não nos sintamos, como que superiores e possuidores do conhecimento, como se este último fosse um prêmio ou louro condecorado à razão enquanto esforço de saída da minoridade. A ciência não se reorientará por si mesma, apenas os homens podem desessencializá-la...

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