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São Luís, Maranhão, Brazil
Homem simples e comum: procuro ser gentil com as pessoas, amigo dos meus amigos e bondoso com a minha família. Sou apaixonado por filmes, internet, livros, futebol e música. Estou tentando sempre equilibrar corpo e mente, manter-me informado das notícias a nível mundial, ministrar aulas de geografia em paralelo às pesquisas acadêmicas que desenvolvo e, no meio de tudo isso, tento achar tempo para o lazer e o namoro. Profissionalmente,sou geógrafo e professor de Geografia no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal do Maranhão (IFMA ­ Campus Avançado Porto Franco) e Doutorando em Geografia Humana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Membro do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA) e do Núcleo de Estudos do Pensamento Socialista Pesquisa do Sindicalismo (NEPS), ambos da UFMA. Participo da Rede Justiça nos Trilhos.

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Atingidos pela lama da Samarco (Vale/BHP Billiton) não são só os desabrigados

Propriedade destruída no arraial Camargos, em Mariana-MG. Foto: Joka Madruga
Todos e todas com quem conversamos disseram que não foram avisados pela empresa, mas por um “homem de moto” da região, pai de um trabalhador da Vale. Algumas famílias não acreditaram no alerta. Nesta região o povo ficou ilhado durante 5 dias, pois de um lado a lama encobriu a estrada e do outro levou embora uma ponte.
Abaixo alguns relatos:
Clodoaldo Carneiro, produtor de leite, precisou alugar um pasto do vizinho para manter seus animais. Antes da tragédia ele produzia cerca de 400L de leite por dia. Agora está na média de 250L diários. Carneiro e sua mãe têm 193 hectares de terra, sendo que metade foi engolido pela lama da Vale/BHP-Billiton/Samarco. Só ficou a parte onde tem morro.
Ele e sua mãe foram avisados às 19h, (o rompimento aconteceu por volta das 16h30), quando chegaram na residência, que fica no meio do morro e por isto não tiveram a casa destruída. A lama chegou em Pedras às 21h15 e pouco antes eles passaram pela ponte que foi levada.
Sobre o trabalho do Movimento dos Atingidos por Barragens, em organizar o povo para lutarem por seus direitos, ele é enfático: “tudo que for organizado e fazer o povo se unir, sem ninguém levar vantagem, é válido”. Ele não quis ser fotografado, mas seu olhar denunciava sua indignação.
Manoel da Silva e ao fundo o rio de lama em sua propriedade. Foto: Joka Madruga
Manoel da Silva e ao fundo o rio de lama em sua propriedade. Foto: Joka Madruga
Para o agricultor familiar Manoel da Silva, aumentou o trabalho para dar água para o gado, que não bebe mais do rio, que fica a uns 100 metros de sua residência. Agora tem que levar para um outro lugar mais distante.
Maria Goreti, disse que os animais ficaram 5 dias sem alimentos. “Os animais (vacas leiteiras) ficavam olhando pra gente e berrando pedindo ração. Elas não gostam do pasto no morro, elas querem ficar na pastagem perto do rio (que está coberta de lama)”, relata com os olhos lacrimejando.
Maria Goreti e seus animais. Foto: Joka Madruga
Maria Goreti e seus animais. Foto: Joka Madruga
Cristiana Aparecida, agente de saúde em Pedras, não consegue dormir de preocupação por causa da lama na estrada e a ponte caída. “Deito na cama e fico preocupada. E se alguém adoece? Não tem como sair com rapidez. Minha filha chegava da escola as 11h30, agora leva umas duas horas a mais, pois o motorista do ônibus precisa dar uma volta imensa. Espero recuperem a ponte logo”, desabafa num misto de emoção e revolta.
Maria Goreti e seus animais. Foto: Joka Madruga
Maria Goreti e seus animais. Foto: Joka Madruga
Maria Macedo, agricultora, e seu marido foram avisados, mas não acreditaram. Eles só se deram conta do que vinha pela frente quando ouviram o barulho da lama descendo. “Deu um estalo na cachoeira que tremeu tudo, acabou a luz, desatei os cachorros que estavam amarrados, peguei a bolsa de documentos e subimos o morro. Lá ficamos até o dia clarear e só voltamos quando a lama baixou. Perdemos galinhas, patos, uma roçadeira, plantações de mandioca, milho, feijão e enxadas. Os patos quando andam na lama dão uma pirueta e caem mortos”, explica.
Maria Macedo teve que sair de casa às pressas por causa da lama. Foto: Joka Madruga
Maria Macedo teve que sair de casa às pressas por causa da lama. Foto: Joka Madruga
O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) atua há mais de 20 anos na organização de quem tem suas vidas prejudicadas pela ganância de uns poucos. O MAB defende que todos os atingidos tem direito de ficar em situação igual ou melhor do que antes. E que todas as decisões devem ser tomadas pelos atingidos e atingidas.
Foto: Joka Madruga
Foto: Joka Madruga
Em alguns pontos a lama subiu mais 15 metros, destruindo casas e outras construções. Foto: Joka Madruga
Em alguns pontos a lama subiu mais 15 metros, destruindo casas e outras construções. Foto: Joka Madruga
Cenário de guerra na comunidade de Paracatu de Baixo. Foto: Joka Madruga
Cenário de guerra na comunidade de Paracatu de Baixo. Foto: Joka Madruga
Fotos de Joka Madruga – Repórter fotográfico, diretor do Sindijor-PR, editor do site Terra Sem Males e voluntário do MAB em Mariana-MG.
Destaque: Propriedade destruída no arraial Camargos, em Mariana-MG. Foto: Joka Madruga

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