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Homem simples e comum: procuro ser gentil com as pessoas, amigo dos meus amigos e bondoso com a minha família. Sou apaixonado por filmes, internet, livros, futebol e música. Estou tentando sempre equilibrar corpo e mente, manter-me informado das notícias a nível mundial, ministrar aulas de geografia em paralelo às pesquisas acadêmicas que desenvolvo e, no meio de tudo isso, tento achar tempo para o lazer e o namoro. Profissionalmente,sou geógrafo e professor de Geografia no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal do Maranhão (IFMA ­ Campus Avançado Porto Franco) e Doutorando em Geografia Humana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Membro do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA) e do Núcleo de Estudos do Pensamento Socialista Pesquisa do Sindicalismo (NEPS), ambos da UFMA. Participo da Rede Justiça nos Trilhos.

sábado, 2 de janeiro de 2016

Barragem da Samarco (Vale/BHP) já tinha defeitos em 2009, diz relatório

Foto de Avener Prado, FolhaPress.
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Por Estêvão Bertoni, na Folha de São Paulo
A barragem da mineradora Samarco que ruiu em 5 de novembro, em Mariana (MG), causando ao menos 17 mortes, começou a apresentar problemas apenas quatro meses após o início de sua operação, em dezembro de 2008.
Segundo o último relatório de inspeção, elaborado a pedido da Samarco em julho de 2015 pela empresa Vogbr, a estrutura tinha histórico de infiltrações e de entupimentos no sistema de drenagem.
Essas vistorias precisam ser realizadas todo ano, pois a barragem era classificada como de alto potencial de dano ambiental -presidida por Ricardo Vescovi, a Samarco é controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton.
Segundo o documento, ao qual a Folha teve acesso, em abril de 2009 um dos diques da barragem de Fundão apresentou “forte percolação” (infiltração) de um metro de diâmetro, causando processo erosivo interno na estrutura.
Chamada de “piping”, a erosão interna é um dos problemas mais preocupantes, porque pode causar ruptura.
Os técnicos da empresa decidiram interromper o lançamento de rejeitos e esvaziar, emergencialmente, o reservatório. Um aterro foi construído para controlar a erosão, segundo o documento.
No mesmo ano, a empresa constatou que os drenos estavam entupidos. Eles acabaram sendo retirados, e a Samarco teve de fazer um projeto de recuperação do dique.
No ano seguinte, os problemas continuaram, mas no sistema que escoa eventual excesso de água. Em 2010, a galeria principal foi tomada por areia. Juntas de dilatação se abriram, e um trecho do terreno afundou. Na galeria secundária, surgiram trincas.
Para reparar o problema, em 2011 foi aplicado concreto para reforçar o solo. Novo sistema de escoamento foi construído em 2012. As galerias antigas foram vedadas.
Naquele ano, porém, a Samarco, segundo o relatório, percebeu que um descarte de minério da Vale, vizinha a Fundão, impactava a lateral esquerda do reservatório.
A mineradora teve de preparar um projeto para drenar o pé da pilha da Vale, onde havia se formado um lago, e reduzir o lançamento de rejeitos em seu reservatório.
De 2013 a 2015, foram encontradas quatro surgências (espécie de bica d’água), que foram tratadas com drenos.
Ao mesmo tempo, a Samarco havia aumentado em 2014 sua capacidade produtiva em 37% e, como aFolha revelou, fazia obras para ampliar e unificar Fundão com uma barragem vizinha.
Na última vistoria, em julho de 2015, verificou-se uma surgência próxima à ombreira direita que estava sendo tratada com dreno de areia e brita. Na esquerda, os “drenos funcionavam em carga” (com grande saída de água). A provável causa era uma “percolação no maciço [estrutura da barragem]”.
Os dois problemas deveriam ser monitorados, segundo os auditores, que registraram ainda nível de emergência, atenção e alerta nos piezômetros (instrumentos que medem a pressão da água).
A Vogbr vistoriava Fundão desde 2013 e sempre garantiu a estabilidade da barragem. Na última visita, quatro meses antes do rompimento, o técnico responsável não foi o mesmo das inspeções anteriores. Procurada, a empresa não explicou a mudança.
As causas da tragédia ainda estão sendo investigadas.
Para o geólogo Jehovah Nogueira Jr., que viu o relatório a pedido da Folha, as medidas de reparo estavam dentro da normalidade. Mas, para ele, piezômetros com nível de emergência e ocorrência de “piping” indicavam problemas de infiltração.
OUTRO LADO
A mineradora Samarco, que pertence à Vale e à anglo-australiana BHP Billiton, afirmou em nota que todos os laudos emitidos pelo escritório Vogbr atestavam a estabilidade da barragem de Fundão, que se rompeu quatro meses após a última vistoria.
Sobre a interferência da pilha da Vale no reservatório, detectada em 2012, a empresa diz que uma obra foi realizada entre 2013 e 2014 para drenar a água da pilha vizinha e que as duas estruturas não tinham mais contato.
Em entrevista à Folha, publicada em 26 de dezembro, o diretor-presidente da mineradora, Ricardo Vescovi, afirmou ser improvável a hipótese de que a pilha da Vale tenha desestabilizado a barragem de Fundão. Ele afirmou também que os rejeitos da Vale jogados no reservatório da mineradora estavam dentro do planejamento realizado.
A Samarco afirma que entregou estudos aos órgãos responsáveis e que possuía licença para executar as obras que estavam em andamento à época da tragédia.
A empresa Vogbr disse, também por meio de nota, que “segue rigorosamente as normas técnicas, as boas práticas de engenharia e a legislação vigente”. Afirmou ainda que as inspeções foram feitas por “profissionais capacitados” e que cumpriu “todas as etapas previstas” e apresentou “todas as informações necessárias”.
Procurada, a assessoria de imprensa da Vale afirmou que as questões técnicas relativas a interferência de sua pilha na barragem de Fundão deveriam ser respondidas pela mineradora Samarco.
Foto de Avener Prado, FolhaPress


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