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São Luís, Maranhão, Brazil
Homem simples e comum: procuro ser gentil com as pessoas, amigo dos meus amigos e bondoso com a minha família. Sou apaixonado por filmes, internet, livros, futebol e música. Estou tentando sempre equilibrar corpo e mente, manter-me informado das notícias a nível mundial, ministrar aulas de geografia em paralelo às pesquisas acadêmicas que desenvolvo e, no meio de tudo isso, tento achar tempo para o lazer e o namoro. Profissionalmente,sou geógrafo e professor de Geografia no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal do Maranhão (IFMA ­ Campus Avançado Porto Franco) e Doutorando em Geografia Humana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Membro do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA) e do Núcleo de Estudos do Pensamento Socialista Pesquisa do Sindicalismo (NEPS), ambos da UFMA. Participo da Rede Justiça nos Trilhos.

sábado, 15 de outubro de 2011

ARQUITETÔNICA DA NATUREZA

A produção da natureza está atrelada a como seus usos e organização tornam visíveis novas formas, antes invisíveis, de representação da natureza. Essa própria representação da natureza engendra a reprodução da mesma a partir de relações sociais que destroem - constroem a natureza mudando assim as condições de uso.
Então, quando a Suzano estuda elementos vegetais buscando as melhores condições edafo-climáticas para os usos do eucalipto e sua organização territorial, faz, por meio dessa prática, tornar visível uma nova forma de natureza carregada de ideologia (forma social de representação) que realiza a “destruição - construtiva” da natureza alterando assim a forma e a condição de uso. Creio também que a apropriação das terras comuns tem muito disso.
A destruição criativa da natureza tem como fulcro o processo de desvalorização de uma “antiga” natureza ao mesmo tempo em que cria/fabrica uma “nova” natureza na medida em que valoriza o processo de produção assentado em relações sociais que configuram o seu uso.
Assim, a natureza só pode ser conquistada se produzida. O que reflete uma íntima relação entre uma ideologia da natureza e a paisagem espacial, uma vez que a origem social da natureza envolve múltiplas visões do espaço natural.
Dessa forma, a natureza é um produto social, um meio de dominação que por vezes escapa ao controle do capital; quando não escapa se transforma em meio de dominação da própria sociedade no mito prometeico de se libertar das amarras naturais.
Questiono-me: não há uma diversidade da natureza? Uma multiplicidade? É claro que isso é diferente de fragmentações; mas, então, se é pertinente não distinguir natureza e cultura isso quer dizer que não há especificidade?
É possível, logo, pensar que cada sociedade diversa e particular produz a sua própria natureza. Portanto, identificar distintos e particulares regimes de produção da natureza ao mesmo tempo em que co-existem com modos de produção homogêneo e universais que, sob seus auspícios, procuram universalizar seu regime subordinando as alternativas distintas de produção da natureza. A natureza não pode ser compreendida em sua totalidade apenas por seus discursos (sobre a natureza), mas pela prática social diversa que possui um habitus particular de se apropriar dela.
Então, a sociedade ao produzir a natureza está se produzindo.
Natureza produzida ou construída? Ambos. A fuga do imbróglio ou da perspectiva dicotômica deve ser buscada nas práticas materiais concretas que simultaneamente produzem e constroem a natureza de maneira relacional e histórica envolvendo uma “ideologia pratica da natureza”.
Pergunto-me se é possível e em que medida um conhecimento “eficiente” capaz de alcançar concomitantemente a produção e a construção numa arquitetônica (uso intencional da produção e construção) dialética entre concreto e imaginado, visível e abstrato.
Não quero com tal proposição dizer que a construção da natureza seja equivalente à produção de imagens da natureza; tampouco que a produtividade equivale à construção; creio que é justamente as práticas sociais, com distintas modalidades temporais, bem como moldes espaciais, que constituem fundamentalmente a arquitetônica da natureza.
Nessa ótica, o que identifica a natureza num mundo deveras mutante? Uma coleção de imagens? A produção de casas, carros, artefatos humanos? Existe uma “natureza tradicional”? Bem se existir encontra-se, exemplificando, no Parque Botânico da Vale ou em reservas “intocadas” cuja “perdição” (da natureza) é romantizada, conservada, pelas mesma forças opressivas que encetaram uma “volta à autenticidade”.

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