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São Luís, Maranhão, Brazil
Homem simples e comum: procuro ser gentil com as pessoas, amigo dos meus amigos e bondoso com a minha família. Sou apaixonado por filmes, internet, livros, futebol e música. Estou tentando sempre equilibrar corpo e mente, manter-me informado das notícias a nível mundial, ministrar aulas de geografia em paralelo às pesquisas acadêmicas que desenvolvo e, no meio de tudo isso, tento achar tempo para o lazer e o namoro. Profissionalmente,sou geógrafo e professor de Geografia no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal do Maranhão (IFMA ­ Campus Avançado Porto Franco) e Doutorando em Geografia Humana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Membro do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA) e do Núcleo de Estudos do Pensamento Socialista Pesquisa do Sindicalismo (NEPS), ambos da UFMA. Participo da Rede Justiça nos Trilhos.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

ESPAÇO TAMBÉM É DINHEIRO

É conhecida a máxima de que tempo é dinheiro. A meu ver quando falamos que tempo é dinheiro, praticamos um reducionismo epistemológico reduzindo-o a uma mera expressão econômica. Dessa forma o que passamos a entender por tempo é o tempo sacralizado pelo capitalismo moderno, o que, de certa forma, acaba por nos impedir de ver a pluralidade epistemológica e material presentes, por exemplo, no tempo da Natureza, no tempo social, no tempo geológico, entre outros. A morte do pluralismo temporal equivale dialeticamente à vida do tempo unidimensional, o tempo do dinheiro, ou melhor, do tempo que é dinheiro.
Tanto a dimensão tempo, quanto o dinheiro, são partes integrantes de um todo maior constituído pela sociedade, ou melhor, pela humanidade. Mas, por mais que eles integrem a sociedade, não podemos definir a sociedade somente em critérios temporais e, tampouco em cifras monetárias sejam elas quais forem.
Pensemos então que por um momento a sociedade seja definida em termos de tempo. Cada grupo social que constitui, digamos, a “humanidade” ou a “sociedade total” passa a ser definida também em termos de tempo. Isso significa dizer que a dimensão temporal se torna o padrão regulador das relações sociais. E que as relações sociais que não são definidas em termos temporais estão despadronizadas, ou ainda, não são normais.
Sob essa ótica instaura-se o reino da padronização que acaba por diluir em seqüências temporais os mais diversos grupos sociais amortizando sua diversidade sociocultural em virtude de um determinado padrão. Não obstante, quando a Natureza passa também a ser definida em termos, apenas, temporais, ofuscamos os diversos tempos presentes nos mais diversos biomas e ecossistemas que a compõem.
Pior ainda é quando a sociedade é definida em termos de dinheiro. Quando isso ocorre o dinheiro torna-se a medida de todas as coisas e faz todas as outras coisas ficarem sem medida. Diz-se que tal diversidade sociobiológica pode ser valorizada, atribuída um valor econômico-financeiro que é totalmente diferente daquilo que empresa sentido à vida.
Mas também gostaria de alertar que não só o tempo é dinheiro, mas o espaço também é dinheiro. Se acompanharmos o desenvolvimento progressivo do capitalismo podemos perceber que o mesmo não seria tão lucrativo caso o espaço não fosse uma dimensão importantíssima para reprodução do capital.
Primeiro por que o desenvolvimento obedece a uma lógica industrial, urbana e tecnificada. Além disso, a questão do progresso nos remete a um crescimento econômico infinito alicerçado numa utilização infinita dos recursos naturais. É claro que isto hoje é altamente inviável em virtude dos limites ecológicos que ensejam, pelo menos em tese, limites ao crescimento.
Nesse sentido, o espaço acaba por moldar também o capitalismo. Isso porque para um sistema desigual, nada mais interessante que uma distribuição desigual dos recursos naturais. Penso que a igualdade, na diferença, é inatingível dentro do sistema capitalista posto que ele dilui a diversidade em busca de um padrão universal e “normal” da vida humana. Logo, a diversidade é inferiorizada uma vez que se constitui um padrão comportamental e da vida que acaba por subalternizar grupos sociais distintos, com culturas distintas e modos de vida distintos.
Quando o sistema-mundo moderno-colonial nasce, nos idos de 1492, o espaço ganha uma dimensão assaz importante a nível mundial. O espaço sempre fora importante para todas as culturas, das mais variadas naturezas. Com o advento, como disse, do capitalismo, que a dimensão temporal fará com que todas as nações entrem na fila do progresso, da modernidade e do desenvolvimento. E isso é uma dimensão constituída de forma alheia e alienígena que taxa como atrasados pessoas que vivem nos mais diversos espaços e domínios naturais.
Primeiro porque havia economias regionais/locais que foram inseridas em uma espécie de nível mundial. Uma condição para a realização de tal feito foi a inserção dos espaços em diversos níveis hierárquicos no que tange ao fornecimento de recursos naturais, quanto de recursos humanos. O espaço africano e latino-americano encaixam-se nessa dimensão do espaço comercial mundial.
Outro fator importante é a questão da localização como um fator espacial fundamental. Quando dizemos que só o tempo é dinheiro, escamoteamos que o espaço cumpre uma função econômica fundamental para a reprodução das elações de produção capitalistas. Não se resume a uma questão temporal, mas sim, também a uma questão do espaço enquanto âmbito do capital.

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