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São Luís, Maranhão, Brazil
Homem simples e comum: procuro ser gentil com as pessoas, amigo dos meus amigos e bondoso com a minha família. Sou apaixonado por filmes, internet, livros, futebol e música. Estou tentando sempre equilibrar corpo e mente, manter-me informado das notícias a nível mundial, ministrar aulas de geografia em paralelo às pesquisas acadêmicas que desenvolvo e, no meio de tudo isso, tento achar tempo para o lazer e o namoro. Profissionalmente,sou geógrafo e professor de Geografia no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal do Maranhão (IFMA ­ Campus Avançado Porto Franco) e Doutorando em Geografia Humana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Membro do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA) e do Núcleo de Estudos do Pensamento Socialista Pesquisa do Sindicalismo (NEPS), ambos da UFMA. Participo da Rede Justiça nos Trilhos.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

A VISÃO ESSENCIALISTA DO DESENVOLVIMENTO

O ilustre antropólogo colombiano Arturo Escobar tem proposto que abdiquemos da busca do desenvolvimento. Isto porque, em sua visão o desenvolvimento em si é prejudicial uma vez que ele é capitalcêntrico. O que significa isto? Significa dizer que o desenvolvimento está ligado matricialmente ao crescimento do capitalismo, ou seja, do sistema que objetiva o lucro. Lucro que se transforma prejuízo para outros. Nesse sentido é extremamente perigoso a louvação do desenvolvimento posto que ele implicou historicamente e geograficamente em destruição do outro.
Historicamente, o desenvolvimento do capitalismo se processou com a “conquista” do continente americano, o Novo Mundo, e a escravização dos africanos. Das Américas o ouro, a prata, os metais preciosos, a força de trabalho indígena. Da África a força de trabalho negra. Em ambos os casos tanto os índios quanto os negros foram vistos como bárbaros, incivilizados. Daí a missão histórica do capitalismo, um sistema eurocêntrico: civilizar os outros, todos aqueles que não se enquadravam no padrão europeu. Assim foi se desenvolvendo o capitalismo. O resto da história a gente já conhece.
Altos níveis de industrialização e urbanização, tecnificação da agricultura e adoção dos valores culturais e educacionais modernos, ou seja, europeus, fazem parte do corpo do desenvolvimento. A pergunta que se faz é a seguinte: é possível reorientar o desenvolvimento? Se possível como, por que e para que?
Vejamos: se o desenvolvimento é em si capitalista isso significa dizer que ele é essencialmente capitalista. Ele é imutavelmente capitalista. Mas será que não estaríamos incorrendo em um erro em afirmar que o desenvolvimento não pode mudar? Não estaríamos sendo metafísicos e até mesmo duvidando da capacidade do homem que ele tem de mudar?
A palavra desenvolvimento é apenas um cognato. Quem a faz na materialidade são os homens. E são os homens que detém a capacidade da mudança. Mas por que falar tanto de mudança? Talvez por que é possível crer que o desenvolvimento em si não é capitalista. Mas ele precisa de alguns reajustes estruturais.
A reorientação do desenvolvimento passa pela reorientação do sistema. Num sistema civilizatório, como é o capitalismo, orientado pelo lucro, mais-valia e na exploração da natureza e do trabalhador é preciso mudar a forma de ser do desenvolvimento. Isso para que não romantizemos os subdesenvolvidos, uma vez que o subdesenvolvimento é uma forma de ser do desenvolvimento; é seu co-constitutivo dialético; não é algo exterior, mas simultâneo.
Dessa forma todos nós somos simultaneamente (sub)desenvolvidos. A industrialização desenfreada, a urbanização sem controle, o uso intensivo de agroquímicos, a educação que deseduca, são todas elas formas de ser do desenvolvimento capitalista. Como se supera esse cenário?
Agindo dentro dele. Sem cair no estruturalismo de achar que o capital determina a tudo, a todos e que as alternativas apenas são subsumidas por ele; é preciso ter ciência de que: sim, o capital é hegemônico, ou seja, detém o controle ideológico; mas isso não é igual a dizer que o capital determina as sociabilidades do indivíduo.
É preciso, pois cada vez mais de política. Estou ciente de que este tipo de política feita no mercado é uma das formas de ser da própria política do sistema capitalista que, como disse, pode até ser hegemônica; todavia ser uma não é o mesmo que ser a; assim temos que focalizar a política não apenas como imposição de limites, mas também como luta pelo poder. Poder este que não está assente apenas no Estado, mas em todos nós.

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