A afirmação feita pelo governador do Pará mostra como o poder público lava as mãos e admite não ter competência para proteger brasileiros marcados de morte por pistoleiros
Fabiana GuedesDOR
Familiares e amigos no enterro dos ativistas José Cláudio
Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santos, em Marabá (PA)
Em entrevista à ISTOÉ (leia abaixo), Simão Jatene (PSDB), governador do Pará, Estado recordista em assassinatos e conflitos no campo, se declarou pessimista sobre o futuro. “Tenho uma só certeza: da maneira como essas coisas têm historicamente ocorrido, o final não é feliz,” declarou. “Novos assassinatos vão acontecer” disse ele. Na mesma linha de resignação, a ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, entende que já é um imenso avanço o Brasil ser “o único país do mundo com um programa de proteção aos defensores dos direitos humanos”.
“Viver sob escolta é uma violação aos direitos humanos”
Maria do Rosário, ministra dos Direitos Humanos
Quem vive sob o medo pensa o contrário. A sindicalista de Rondon do Pará, Maria Joel Dias da Costa, 48 anos, desabafa: “Estamos sozinhos nessa luta.” Desde o assassinato de seu marido, o ativista José Dutra da Costa, em 2000, e de outros três amigos nos anos seguintes, ela sabe que pode ser a próxima vítima. Seu nome consta na lista dos “marcados para morrer” elaborada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) e entregue ao poder público. Mas Maria segue desamparada. A garantia de sua vida parece ser uma impossibilidade administrativa.
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