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São Luís, Maranhão, Brazil
Homem simples e comum: procuro ser gentil com as pessoas, amigo dos meus amigos e bondoso com a minha família. Sou apaixonado por filmes, internet, livros, futebol e música. Estou tentando sempre equilibrar corpo e mente, manter-me informado das notícias a nível mundial, ministrar aulas de geografia em paralelo às pesquisas acadêmicas que desenvolvo e, no meio de tudo isso, tento achar tempo para o lazer e o namoro. Profissionalmente,sou geógrafo e professor de Geografia no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal do Maranhão (IFMA ­ Campus Avançado Porto Franco) e Doutorando em Geografia Humana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Membro do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA) e do Núcleo de Estudos do Pensamento Socialista Pesquisa do Sindicalismo (NEPS), ambos da UFMA. Participo da Rede Justiça nos Trilhos.

domingo, 5 de junho de 2011

O ESPAÇO TAMBÉM NÃO PÁRA

As pessoas que gostam do ambiente musical brasileiro da década de 1980, com certeza, já ouviram o poeta e ex-vocalista do Barão Vermelho: Cazuza. Um dos mais eruditos compositores e cantores da música tupiniquim cantarolou músicas/poemas como “Ideologia”, “Codinome Beija-Flor” e “o Tempo não pára”. Mas, deixemos a música de lado e centremos na frase o “tempo não pára”.
O meu argumento neste pequeno ensaio é de que também o espaço não pára. O tempo/historicidade enquanto dimensão da teoria social crítica foi durante muito tempo estudado e analisado como sendo o único veículo do movimento, da mudança, da dialética. Na outra ponta, o espaço foi tratado e percebido, como bem disse Michel Foucault e reafirmado por Edward Soja e Doreen Massey, como o estanque, reacionário, estático, morto.
Mas por que e como advogar e argumentar que o espaço é detentor de todas estas características geralmente associadas apenas à dimensão temporal? O exercício intelectual deve ser feito pensando o espaço tal qual político, mutável e instância/dimensão da sociedade. A dialética aqui é tripla entre espaço-tempo-sociedade. Pensar o espaço como sendo político significa pensá-lo como âmbito da luta pelo poder, mas também como instância que impõe limite a todas as esferas da vida.
Enquanto âmbito de luta pelo poder, ele, o espaço, transforma-se no lócus de disputas por formas de pensá-lo (o espaço) e também de representá-lo (não nos esqueçamos que o próprio Michel Foucault adverte-nos de que para que se tenha representação, e não somente, apresentação, é elementar existir a relação). Diferentes atores e agente sociais, modernos ou subalternos, outros ou “não-outros”, estabelecidos ou outsiders, pensam, representam vivem, produzem espaço conforme as suas cosmologias, visões de mundo, atividades produtivas, míticas ou simbólicas, materiais ou ideológicas. Ele, o espaço, molda a nossa política, mas não no sentido de ser um cenário ou receptáculo das ações humanas sobre a Natureza, mas sim como uma instância da sociedade fundamental para ela ser marcada e deixar as marcas no mesmo, e sem o qual a historicidade dificilmente materializa-se.
A mutabilidade do espaço parte do pressuposto de que os homens mudam. Os homens mudam porque a sua a vida não é pré-determinada ou determinada por uma dimensão eterna, atemporal, uma linha reta sem qualquer possibilidade de desvio. O homem, ao longo do tempo e do espaço nos deu provas substancias e materiais de que, até mesmo as ideias, mudam. Dotado de “criação-destrutiva” ele edifica cidades, produz natureza, enfim, ele muda. Dessa forma, o espaço não se torna exclusivamente o veículo da mudança ou o receptáculo de recebimento das ações humanas, e sim morada e prisão, reflexo e energia substancial para que a própria mudança ocorra. Ele é ilimitado e com limites.

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