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São Luís, Maranhão, Brazil
Homem simples e comum: procuro ser gentil com as pessoas, amigo dos meus amigos e bondoso com a minha família. Sou apaixonado por filmes, internet, livros, futebol e música. Estou tentando sempre equilibrar corpo e mente, manter-me informado das notícias a nível mundial, ministrar aulas de geografia em paralelo às pesquisas acadêmicas que desenvolvo e, no meio de tudo isso, tento achar tempo para o lazer e o namoro. Profissionalmente,sou geógrafo e professor de Geografia no Ensino Básico, Técnico e Tecnológico do Instituto Federal do Maranhão (IFMA ­ Campus Avançado Porto Franco) e Doutorando em Geografia Humana na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Membro do Grupo de Estudos: Desenvolvimento, Modernidade e Meio Ambiente (GEDMMA) e do Núcleo de Estudos do Pensamento Socialista Pesquisa do Sindicalismo (NEPS), ambos da UFMA. Participo da Rede Justiça nos Trilhos.

domingo, 11 de agosto de 2013

Ritmo desenfreado da mineração criticado no Brasil e na Itália


04/08/2013
http://www.justicanostrilhos.org/sites/default/files/mina_1.jpgNa agenda dos parlamentares brasileiros e italianos, um mesmo assunto polêmico está sendo debatido nesses dias. O Governo brasileiro está forçando a aprovação rápida do novo Marco Legal da Mineração. Enquanto isso, a produção siderúrgica a partir do minério de ferro extraído em Carajás-PA está provocando graves impactos na Itália.
A Câmara dos Deputados está discutindo em Brasília o novo Marco Regulatório da mineração. O Governo Federal brasileiro impôs regime de urgência ao Projeto de Lei e está impedindo o acesso a esse debate por parte da sociedade civil organizada.
Enquanto isso, à mesa dos senadores de Roma chegou uma carta dos movimentos sociais sobre Ilva, a maior empresa de aço na Europa, e sobre os graves impactos socioambientais provocados pela firma. O minério de ferro que alimenta essa siderúrgica europeia vem das minas de Carajás-PA, no coração da Amazônia, onde numerosas comunidades também denunciam violações por parte da empresa Vale e falta de atendimento por parte do poder público.
A carta aos senadores italianos é escrita por Alessandro Marescotti, o fundador e atual presidente de Peacelink, uma Rede ativa há mais de 20 anos a nível nacional e internacional no campo da informação social e ambiental. Aos poucos essa denúncia (em anexo a versão em português) está aparecendo em vários mídias, como “La Gazzetta del Mezzogiorno”, um histórico jornal do Sul do País.
No documento, Marescotti explica que «vem da Amazônia o mineral que é respirado pelos moradores de Táranto (a cidade onde a empresa Ilva está instalada), depois de ter atingido os pulmões dos nativos brasileiros». Além disso, «muitas florestas sumiram devido à absurda intensidade da extração do minério de ferro». Peacelink oferece ao público um estudo aprofundado sobre o mercado internacional do aço, a disponibilidade das reservas de minério de ferro, a instabilidade dos preços internacionais e os impactos da siderurgia na Itália (aqui uma primeira seção do estudo, em italiano). 
A mineração e seus ciclos de produção estão provocando prejuízos a todas as latitudes. Os dados referidos na Carta aos Parlamentares Italianos são bem claros: «hoje, no mundo, as usinas siderúrgicas podem produzir 1,8 bilhões de toneladas de aço, porem o consumo mundial é de apenas 1,5 bilhões». 
O major jornal econômico e financeiro do mundo, o “Wall Street Journal”, escreve que existem «300 milhões de toneladas por ano de excesso de capacidade produtiva», entre os quais estão os 9 milhões de toneladas ânuos da Ilva.
Aparece claro, então, que este modelo de extração minerária esteja crescendo em função do aumento do lucro privado e restrito a poucos investidores, gerando impactos públicos, amplos e muitas vezes silenciados. Marescotti lembra que «Lester Brown, que lidera o World Watch Institute, mediu que a disponibilidade das reservas de ferro no mundo será exaurida daqui a 64 anos». «Continuar a propor este modelo de produção e consumo de aço, além de ser insustentável pelo mercado em contração, é prejudicial para o futuro do nosso planeta, cujos recursos estão se esgotando não só no setor da energia, mas também no setor das matérias primas».
No dia-a-dia, escreve o fundador de Peacelink, «o sistema está pedindo de promover um desenvolvimento que, além de gerar exploração, doenças e morte, produz mais aço do que è necessário». E, continua Marescotti, «para produzir mais aço è preciso ampliar anormalmente a demanda econômica global, com grandes obras desnecessárias e com a produção de carros em excesso». Os mega empreendimentos, a urbanização desenfreada e a indústria automobilística, de fato, são os maiores clientes da indústria siderúrgica no mundo, especialmente na China.
Críticas no mundo inteiro
A sensibilidade mundial sobre este problema é crescente. Existem numerosas denúncias sobre impactos socioambientais e trabalhistas da mineração; o prêmio internacional Public Eye Awards conferido à Vale em 2012 como “Pior empresa do mundo”, em ocasião do Fórum Econômico Mundial, é uma prova disso.
Mesmo assim, o Governo brasileiro continua apoiando incondicionalmente a expansão da mineração no País. A proposta do novo Marco Regulatório, de fato, não previu nenhuma consulta pública. 
O Comitê Nacional em Defesa dos Territórios frente à Mineração, composto por mais de 50 organizações da sociedade civil organizada (entre as quais também a OAB Federal e a CNBB), não consegue diálogo eficaz com o Governo a esse respeito e ainda denuncia, alarmado, a permanência do regime de urgência para o debate parlamentar.
Enquanto isso, os processos de extração mineraria e os relativos investimentos multinacionais crescem incessantemente. Entre os anos 2001 e 2011, a participação da indústria extrativa mineral no PIB brasileiro saltou de 1,6% para 4,1%. Uma situação preocupante por várias razões. Por exemplo, em 2010 a indústria mineral consumiu mais energia que todas as casas brasileiras juntas. 
A própria mina de Carajás, que alimenta entre outras a siderúrgica Ilva na Itália, está em fase avançada de expansão, com duplicação prevista do inteiro sistema de escoamento: Estrada de Ferro Carajás e porto de Ponta da Madeira em São Luís-MA. Mais de cem comunidades que se encontram nos territórios que serão atingidos por essa expansão pedem socorro: quem as escutará, para evitar a duplicação dos impactos que já sofrem há trinta anos?
Assessoria de imprensa Justiça nos Trilhos, 05 de agosto de 2013

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